No mês de junho Frei José Arnaldo e Frei Osmar viajaram para o México a fim de conhecer um pouco a realidade eclesial, vocacional e missionária daquele país. Eis o relato de Frei José Arnaldo:
“Aterrizamos no dia 16, no amanhecer, na Cidade do México. Lá aguardamos algumas horas e partimos para Aguascalientes, onde chegamos por volta das 14h (horário do México), 16h (horário de Brasília). A irmã Edna (irmã do Frei Osmar), com outra irmã de sua Congregação (Irmãs de Santa Ana), nos aguardavam. Com elas, fomos para sua casa, onde fomos muito bem acolhidos, almoçamos, descansamos e às 19h concelebramos a Missa, presidida pelo Pe. Salvador, no Colégio da irmãs. Haviam homenagens aos pais. No terceiro domingo de junho se celebra o dia dos pais, no México.
No sábado (17), concelebramos a missa, presidida pelo Pe. Omar, pároco da Paróquia N. S. do Refúgio. Durante o dia fomos conhecer o centro de Aguascalientes. Muito bonita a cidade. Almoçamos noutra comunidade das irmãs, nesta mesma cidade. No domingo (18), concelebramos a missa às 8h30, na capela maior do convento onde fomos hospedados. Por volta das 13h30 viajamos cerca de 400 kms, com o Frei Roberto, franciscano, até a serra de Nayarit, onde eles têm uma bonita e desafiante missão com os indígenas. De domingo à noite à quarta-feira (21) estivemos na missão Santa Clara, dos freis franciscanos ofm, no estado de Jalisco e visitamos toda a região serrana onde ela está localizada.
Dentre tantos aspectos que nos chamaram a atenção, vale destacar:
1. A confiança da comunidade Santa Clara na Providência Divina, que não deixa faltar o necessário para cada dia.
2. O trabalho voluntário dos missionários, que são leigos, profissionais da educação e da saúde. Eles moram no internato, assim como os freis franciscanos, duas religiosas de Santa Ana e os alunos descendentes de indígenas. Todos se dedicam com muito amor pelo bem dos pequeninos.
3. As dificuldades daqueles alunos não lhes tira a alegria e nem os impede de transmitir o amor de Deus às pessoas. Os alunos vão a pé para suas casas (para estarem com os seus pais) na sexta-feira à tarde e retornam no domingo para o internato. Alguns caminham até 5 horas para ir e outras 5 hs para voltar.
É uma região bonita, porém com muitas pedras e de solo frágil. Na segunda-feira (19), com o Frei Roberto, conhecemos um povoado indígena chamado San Andrez. Um lugar muito pobre, com poucas opções de trabalho. Eles vivem de artesanatos. O solo parece bem frágil e judiado pelas muitas pedras e pela seca. É um lugar de forte sincretismo religioso. Na capela só tem missa no dia 30 de novembro, dia do padroeiro Santo André. Existe ali também um convento, uma casa simples e humilde das irmãs franciscanas, onde tem missas todos os domingos e formação catequética. Muitas crianças frequentam a missão Santa Clara, cerca de uns 10 kms dali. É uma região cercada de montanhas.
Na terça-feira (20), com Frei Héctor, descemos a serra e fomos à sede da Diocese, um povoado também muito simples chamado Jesus e Maria, que tem como Bispo, o franciscano Don José Jesus. O Bispo e o cura (pároco) não estavam. Tinham ido para o Seminário da Prelatura (Diocese) em Santa Cruz, próximo de Santa Clara. Almoçamos na sede episcopal (uma casa simples) com 2 seminaristas. Depois regressamos à Santa Clara.
Na quarta-feira (21), por volta das 12h, Frei Roberto preparou-nos uma surpresa com os alunos de Santa Clara: algumas apresentações de danças e um emocionante abraço coletivo dos alunos. Assim, nos despedimos daquela gente simples e humilde, que muito nos transmitiu o amor de Deus. Por volta das 13h fomos, com Frei Roberto, para Santa Cruz, onde nos encontramos e almoçamos com o Bispo e demais padres da Prelatura de Jesus e Maria que estavam ali reunidos. Também algumas famílias e duas religiosas participaram do almoço no bosque. O Bispo, muito acolhedor, se animou, ao convite do Frei Osmar, a viajar ao Rio de Janeiro. Após o almoço seguimos adiante a viagem. Passamos em um povoado chamado Santa Lucia para visitarmos o Mosteiro (Convento) das Irmãs Clarissas. De lá, após um belo lanche, seguimos por volta das 17h rumo à Zacatecas, onde chegamos às 23h, mais ou menos. Demos uma volta na cidade, fizemos um lanche e fomos para um hotel descansar.
Na quinta (22), assim que levantamos, fomos conhecer o Convento Franciscano e depois fomos “desayunar” (tomar café), por volta das 10h. Seguimos até São José de Gracias, para conhecer a imagem do Cristo Roto: uma imagem forte, do Cristo sem cruz, sem uma perna e sem um braço. Numa placa fixada numa parede daquele santuário, construído a céu aberto, encontra-se um dizer muito bonito: “quero que ao ver-me, te recordes de tantos irmãos teus que estão como eu, indigentes, oprimidos, enfermos, mutilados… sem braços, porquê não tem possibilidades nem meio de trabalho; sem pés, porquê lhes bloquearam os caminhos; sem cruz, porquê lhes tiraram a honra e o prestígio”. É uma cidade do estado de Aguascalientes. De lá fomos até Aguascalientes onde descansamos.
Na sexta (23), viajamos para Guadalajara, com Frei Roberto e Irmã Edna. Chegando no terminal rodoviário, nos despedimos de Frei Roberto que seguiu viagem para uma comunidade franciscana daquela região. Nos encontramos com outra irmã e duas moças que nos levaram ao centro da cidade para conhecermos Guadalajara: uma cidade muito bonita. De lá, fomos para Tepatitlan, onde as irmãs de Santa Ana tem uma comunidade. Eu e Frei Osmar nos hospedamos na casa do sr. Efraim.
No sábado (24), com Efraim Filho, fomos conhecer a cidade e após o “desayuno”, fomos até Santa Ana conhecer a Igreja e a história de San Toribio Romo e a Calzada de los Mártires. Uma terra de mártires. Entre os anos 1925 e 1931 sobretudo o governo do México perseguiu a Igreja Católica, levando muitos padres, religiosos e leigos ao martírio. O filme “Cristiada”, que pode-se assistir pelo youtube, relata este contexto difícil dos heróicos cristãos mexicanos. Ali almoçamos e fomos para San Juan de los Lagos, onde conhecemos a catedral e depois partimos, eu, Frei Osmar e Ir. Edna para Aguascalientes. Efraim e a outra irmã retornaram à Tepatitlan.
No domingo (25), celebramos a Missa, na Capela do Convento e aproveitamos o dia para descansar. À noite, por volta das 19h30, saímos, levando algumas roupas para viagem. Visitamos outra comunidade das irmãs e de lá fomos saudar os dois padres da Paróquia que elas frequentam. Eles nos levaram a um restaurante para jantarmos. Pedimos um “pan de canzón”. Um prato com um pão, parecido ao de hambúrguer, recheado com um delicioso pescado, mesclado com molho parecido ao nosso vinagrete, com um pouco de cuento, abacate e chili (pimenta) ao gosto. Um prato típico e muito saboroso. De lá, os padres nos deixaram na rodoviária, de onde à meia noite partimos, para a Cidade do México.
Na segunda (26), chegamos na rodoviária da Cidade do México às 5h30. Tomamos um café. Aguardamos um pouco por ali. Por volta das 7h30, pegamos um táxi e fomos conhecer o Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe. Lá nos encontramos com o jovem Geovani e outras duas irmãs de Santa Ana. Concelebramos a Missa às 9h. Depois fomos conhecer o belíssimo jardim e morro Tepeyac, das aparições de N. Senhora ao índio Juan Diego, assim como os 3 primeiros santuários ali construídos. Seguimos, depois, de ônibus até o centro do México, onde almoçamos e conhecemos a Catedral e algumas praças muito belas. Por volta das 16h, eu, Frei Osmar e Ir. Edna, nos despedimos das irmãs e do Geovani, pegamos outro ônibus e fomos até o aeroporto.
De lá, às 21h15, fomos para Puerto Escondido, região praiana e serrana, de clima bem agradável. Naquela cidade e região, as irmãs têm duas comunidades. Elas foram nos buscar no aeroporto numa caminhonete. Eu e Frei Osmar ficamos hospedados num hotel, à beira mar. Depois do dia agradável mas puxado, fomos logo descansar.
Na terça-feira (27), por volta das 9h, as irmãs nos levaram até a casa delas para o café da manhã. Às 10h fomos cumprimentar o bispo Dom Pedro, que nos acolheu e falou da realidade eclesial e missionária de sua diocese. Esta possui 30 paróquias, que conta com o trabalho dos padres diocesanos e alguns religiosos e das irmãs religiosas. Uma realidade em que estão lançando a semente no campo vocacional. Localiza-se no estado de Oaxaca. O resto do dia ficou livre. Às 19h concelebramos a missa. À noite eu e Frei Osmar aproveitamos para caminhar e partilhar um pouco do tudo que tínhamos visto até então.
Na quarta-feira (28), depois do café da manhã, num restaurante, subimos a serra até a cidade de Nopala. No meio do caminho visitamos uma comunidade onde as irmãs tem uma missão. Parece que vão lá ao menos uma vez ao mês. O padre nem sempre pode ir. Conhecemos a capela. Neste momento uma família se aproximou e pediu-nos a bênção e ainda, que fôssemos dar uma bênção a uma senhora muito enferma. Fomos até lá e rezamos com aquela família. A reflexão que me veio: Deus no momento certo socorre o seu povo, enviando os que Ele consagrou para a missão. De lá, seguimos à Nopala, onde fomos acolhidos pela outra comunidade das irmãs. Fomos conhecer um pouco a cidade. Interessante é que nas paredes da prefeitura encontram-se algumas pedras, com caricaturas de deuses dos povos indígenas que teriam vivido naquele região, segundo estudos antropológicos, 800 anos antes de Cristo. São indígenas cha’tneos. De lá fomos à casa paroquial almoçar com um padre, um seminarista, as irmãs e um grupo de leigos. Era uma espécie de sopa, um caldo de milho com carne de porco. Eles cozinham numa panela de ferro grande, num fogareiro à lenha preparado fora de casa. Um prato acompanhado de tortillas, verduras e uma dose de tequila, para abrir o apetite e outra pata ajudar na digestão, para quem quiser, não é obrigado. Após o almoço, por volta das 16h, fomos a uma comunidade chamada Tetypec onde as irmãs também tem uma missão. Frei Osmar celebrou a missa e eu concelebrei. O povo cantou e rezou com grande fervor. Um coral de adolescentes e jovens, coordenado por um casal e animado pelas irmãs, animou a celebração eucarística. Após a missa tivemos um momento maior de aproximação com os jovens que vieram nos cumprimentar, desejosos de saber sobre o Brasil, nosso idioma, cultura, costumes etc. Dali retornamos à Nopala e de lá descemos a serra, parando cerca de uma hora numa outra comunidade chamada São Pedro. Estava acontecendo a Missa da Solenidade de São Pedro. A Igreja estava toda ornamentada de flores, muito linda. Após a Missa, eles teriam num ginásio coberto as apresentações culturais. Muitas pessoas vestidas com trajes especiais iam chegando para os festejos. Nós demos uma volta por lá, tomamos um suco e retornamos pata Puerto Escondido. Eu e Frei Osmar regressamos ao hotel pata descansarmos.
Na quinta-feira (29), levantamos às 6h e fomos para o aeroporto, de onde saímos às 7h30 para a Cidade do México. Lá chegamos às 9h. Pegamos metrô até a rodoviária e às 11h45 partimos para Aguascalientes, no convento das irmãs, onde chegamos às 18h. Após o banho, celebramos a Missa. Depois fomos jantar, arrumar a mala (para o retorno ao Brasil) e descansar.
Na sexta-feira (30), celebramos às 7h30, tomamos café e depois a Ir. Edna nos levou ao aeroporto, de onde partimos às 11h20 para a Cidade do México. De lá, às 19h (21h horário de Brasília) pegamos o vôo de volta para o Brasil. Chegamos no aeroporto de Guarulhos-SP no sábado, 1 de julho, às 7h, depois de 10 horas de vôo. De Guarulhos tivemos que ir à Congonhas pegar a conexão para o Rio.
Agradeço a Deus a oportunidade desta viagem muito rica de aprendizado, ao Frei Osmar que me convidou e ao Frei Evandro que assumiu os compromissos da Paróquia.”
Frei José Arnaldo Schott
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