Revista Ide e Anunciai 7. Os Agostinianos Descalços no Rio de Janeiro (RJ)

Ao nos prepararmos para comemorar o septuagésimo aniversário da PARÓQUIA SANTA RITA DOS IMPOSSÍVEIS, não podemos deixar de mencionar que esta comunidade é o berço dos Agostinianos Descalços no Brasil.

Com efeito, os frades Agostinianos Descalços, Pe. Luigi Raimondo (Frei Luiz Raimondo), Pe. Antonio Scacchetti (Frei Antonio Scacchetti) e Pe. Francesco Spoto (Frei Francisco Spoto), partiram de Gênova (Itália) com destino ao Rio de Janeiro no dia 29 de maio de 1948, exatamente às 12h. Chegaram ao Porto do Rio de Janeiro no dia 12 de junho de 1948.

Dias após, em visita ao excelentíssimo Cardeal Arcebispo Dom Jaime de Barros Câmara, foram felicitados por sua chegada ao Rio de Janeiro. Nesse encontro lhes foi desejado um profícuo apostolado e o lugar escolhido foi a Igrejinha de Nossa Senhora da Conceição do Morro, situada no subúrbio de Ramos.

Na Igreja não havia acomodação para os três padres que ficaram morando na sacristia que servia de dormitório, cozinha, refeitório, sala de estar e visitas, situação que perdurou até o dia primeiro de outubro de 1950, quando foi construída uma pequena casa onde puderam ficar mais comodamente.  

Igreja Santa Rita dos Impossíveis, Rio de Janeiro (RJ),
1950.

A Capela estava sob o controle da Irmandade Nossa Senhora da Conceição, que até então administrava a Igreja. Entretanto, aos 21 de setembro de 1948, o Cardeal Dom Jaime Câmara erigiu canonicamente a paróquia de Nossa Senhora da Conceição, confiando-a à Ordem dos Agostinianos Descalços na pessoa de Frei Luís Raimondo, que tomou posse como primeiro Pároco, no dia 26 de setembro, na presença do Cardeal e de um bom número de fiéis. As atividades religiosas estavam em franca expansão, sendo que no dia 08 de dezembro, do mesmo ano, fundaram-se a Pia União das Filhas de Maria e a Congregação Mariana de Moças.

Mesmo antes de ser erigida a paróquia os frades encontravam algumas resistências por parte da Irmandade que administrava a Capela. Devido às tensões, no final de 1949, os frades compraram o terreno de 2.250 m² de Dona Júlia, situado na rua das Missões, 502, agora rua Nossa Senhora das Graças, 1260 e começaram a construção da Igreja com ajuda do povo, e com o apoio e a orientação do Cardeal Dom Jaime.

Em setembro de 1950 a Igreja estava pronta e a paróquia do morro foi transferida para a nova sede, com o título, escolhido por Dom Jaime, de “Santa Rita dos Impossíveis”. O Cardeal do Rio repetia assim a invocação, que já havia sido usada pelo Papa Leão XIII. No dia 01 de outubro de 1950, foi celebrada solenemente a primeira Missa no novo templo, que se tornou o berço dos Agostinianos Descalços no Brasil.

Em junho de 1951, ocorreu um fato importantíssimo, o Prior Geral Frei Gabriel Maria Raimondo, realizou a primeira visita canônica à comunidade dos Agostinianos Descalços no Brasil. Na ocasião vieram mais dois frades, Pe. Luigi Fazio (Frei Luiz Fazio) e Pe. Vincenzo Mario Sorce (Frei Vicente Sorce), novos integrantes da comunidade de Ramos.

No início da missão agostiniana neste novo endereço foi realizada a primeira visita PASTORAL CANÔNICA À PARÓQUIA DE SANTA RITA DOS IMPOSSÍVEIS, por Dom Jaime Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro, de 22 a 29 de março de 1952.

No dia 10 de agosto de 1952 tomou posse da Paróquia Santa Rita dos Impossíveis Frei Luiz Fazio. Na reunião do arcebispado sob a presidência do senhor Cardeal-arcebispo foram alterados os limites paroquiais ficando vizinhos das paróquias São Geraldo de Olaria e Nossa Senhora das Mercês indo até a Ilha do Fundão.

Frei Gabriele Raimondo, Frei Antonio Scacchetti, Frei Luigi Raimondo e Frei Francesco Spoto, Gênova – Itália,
maio de 1948.

Frei Luigi Fazio, Frei Gabriele Raimondo, Frei Vincenzo Sorce, Gênova – Itália,
1951.

A opção pela ajuda aos mais necessitados já se fazia presente, e no dia 13 de dezembro de 1952, houve distribuição dos mantimentos aos pobres da Paróquia, promovida pelo Vigário e pelos Vicentinos que foram fundados naquele ano, socorrendo 299 famílias.

No dia 06 de setembro de 1953, houve uma Romaria organizada pela paróquia, ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida, seguindo com dois ônibus. De acordo com o Vigário reitor do Santuário de Aparecida, a entrada na Igreja seguiu com as bandeiras das associações paroquiais, o que posteriormente passariam a ser chamadas de pastorais.
O estandarte de Santa Rita, padroeira da paróquia, oferecido pelas zeladoras do Apostolado da Oração, foi benzido pelo Frei Francisco Spoto, na época Prior da comunidade.

O tempo foi passando e os Agostinianos Descalços continuaram animados impulsionando a vida paroquial. Aos 05 de abril de 1955, foi nomeado no cargo de Pároco Frei Francisco Spoto, em substituição ao Frei Luiz Fazio, que por motivo de saúde, teve que voltar para a Itália. A tamanha dedicação dos frades começava dar resultado, pois no ano de 1958 foram realizados 655 batizados. Um fato interessante é que neste ano, 20 meninas tinham o nome de Rita, sinal que a devoção só aumentava. Foram feitos no mesmo ano cerca de 100 processos matrimoniais, sendo que 65 casaram na Igreja Santa Rita dos Impossíveis. Em agosto de 1958, Frei Vicente viajou para Itália, para estudar.

Diante da resposta do povo sedento por conhecer melhor a Jesus Cristo, o Prior Geral Gabriel Raimondo voltou ao Brasil, aos 23 de março de 1961, trazendo consigo Pe. Luigi Vincenzo Bernetti (Frei Luis Bernetti) e retornou Frei Vicente Sorce para trabalharem no Brasil. Aos 22 de agosto de 1961 tomou posse como Pároco Frei Vicente Sorce. Em 1971 foi nomeado Pároco substituto Pe. Angelo Possídio Carù (Frei Angelo Carú), pois Frei Vicente viajou para Itália de férias.
Aos 28 de junho de 1972, o Cardeal Dom Eugênio de Araújo Sales, por meio de um decreto criou a Paróquia Nossa Senhora da Conceição, aonde, em 1948, os Agostinianos Descalços haviam começado sua missão. Com este desdobramento foi reduzido o território paroquial da Paróquia Santa Rita dos Impossíveis.

Ata de posse de Frei Vicente Sorce, Rio de Janeiro (RJ),
22/8/1961.

Em 25 de fevereiro de 1973, tomou posse como Pároco da Paróquia Santa Rita dos Impossíveis, Frei Luis Bernetti. O limite paroquial bastante amplo exigia a expansão dos locais de culto. Assim foi construída a Capela nossa Senhora Aparecida e inaugurada no dia 12 de outubro de 1973.

A população da paróquia foi crescendo cada vez mais e a igreja matriz se tornou pequena para o número de paroquianos. Precisava-se de uma nova igreja, bem mais ampla, bonita, majestosa e capaz de responder às exigências da comunidade paroquial. Assim, durante a festa de Santa Rita, no ano de 1975, foi lançada a campanha para a construção da nova igreja. Em novembro de 1975, Frei Antonio Natale Giuliani, que tinha sido ordenado presbítero em Bom Jardim, aos 17 de agosto de 1974, passou a ajudar na Paróquia Santa Rita como Vigário paroquial.

Em 1976 iniciou-se a construção da atual igreja. O povo, com estímulo dos frades, empenhou-se na construção do novo templo. Aos 21 de maio de 1977, Frei Possídio Carú celebrou a primeira missa na nova igreja, ainda por acabar. Em outubro de 1978, foi celebrada a última missa na velha igrejinha, por ocasião da festa de Nossa Senhora de Fátima.
No dia 22 de maio de 1981, festa da padroeira, na presença do Cardeal Dom Eugênio de Araújo Sales, foi realizada a solene cerimônia de inauguração e bênção do novo templo, e também, do futuro Seminário, ao lado da igreja.
Aos 21 de fevereiro de 1982, tomou posse da paróquia Frei Antonio Desideri. Frei Calogero Carruba chegou da Itália para colaborar como Vigário paroquial. Em 1985 Frei Calogero foi transferido para Ampére e foi substituído pelo Frei Rosario Palo.

Com o crescimento das vocações no Brasil, foi necessário criar o espaço físico para o Seminário e, em 1987, o prédio anexo foi reformado e adaptado para ser o novo “Seminário Santa Rita”, que abrigou os estudantes de teologia e filosofia. O primeiro grupo chegou ao Rio no início de 1988 e começou a cursar filosofia e teologia na Escola Teológica do Mosteiro de São Bento. Aos 14 de fevereiro, deste mesmo ano, tomou posse da paróquia Frei Eugênio Del Medico. Este, com seus dons arquitetônicos, iniciou várias reformas, tanto na casa paroquial, como nos salões e principalmente na igreja.

Igreja Santa Rita dos Impossíveis, Rio de Janeiro (RJ),
março de 1958.

Frei Vincenzo Mario Sorce, Frei Gabriel Marinucci (Prior geral) e Frei Luigi Vincenzo Bernetti,
1961

Igreja Santa Rita dos impossíveis, Ramos/Rio de Janeiro (RJ),
2018.

Com o aumento das vocações percebeu-se que o Seminário estava se tornando pequeno. Decidiu-se, então, levantar, sem demora, o terceiro piso. Novamente contando com a generosidade do povo e também dos benfeitores de longe, no mês de abril de 1991, a casa ficou pronta para receber até 32 professos. Desde 1988 o reitor do seminário era Frei Luis Bernetti.

Assim, aos 11 de outubro de 1990, foram aprovados os primeiros professos aos votos solenes que foram: Frei Moacir Chiodi, Frei Álvaro Antônio Agazzi, Frei Jurandir de Freitas Silveira, Frei Jandir Bergozza, Frei Estevão José da Cunha e Frei Amarai Alves da Silva.

Finalmente a árvore plantada, deu seus primeiros frutos, e no início de 1992, foram ordenados presbíteros os primeiros Frades da Ordem no Brasil; em 25 de janeiro Frei Moacir Chiodi e em 01 de fevereiro Frei Álvaro Antônio Agazzi, que permaneceu no Seminário Santa Rita como vice reitor, terminando o curso de teologia.

Grupo de Professos, Mestre Frei Luis Vincenzo Bernetti,
1989.

No dia 17 de maio de 1992, foi realizada a Dedicação da Igreja de Santa Rita dos Impossíveis por sua Eminência Dom Eugênio Sales, por ocasião dos 400 anos de fundação da Ordem dos Agostinianos Descalços.

No dia 07 de fevereiro de 1993 Frei Luis Bernetti, além de mestre dos professos, assumiu como Pároco e Prior. Frei Gilmar Morandim assumiu como vice-mestre. Aos 20 de fevereiro de 1994 tomou posse como Pároco, mestre e prior Frei Doriano Ceteroni, tendo Frei Amaraí como Vigário paroquial. No dia 01 de agosto de 1995, logo após sua ordenação presbiteral, Frei Cézar Fontana assume como Vigário paroquial para compor a comunidade, já que Frei Gilmar foi trabalhar em Cebú nas Filipinas.

Em fevereiro de 1996 Frei Lianor Moreschi foi ordenado presbítero e veio compor a comunidade, até setembro quando foi para Itália fazer mestrado em teologia moral. Em maio deste mesmo ano, chegou Frei César Antonio Pôggere como Vigário paroquial. Em janeiro de 1997, Frei Edecir Calegari foi designado como mestre dos professos, pois Frei Amaraí foi para outra família religiosa, juntamente com Frei César. No mesmo ano, aos 06 de agosto, Frei Gelson Briedis chegou como Vigário paroquial; no ano seguinte foi para nova comunidade na Pavuna. No dia 16 de fevereiro de 1998, tomou posse como Pároco e prior Frei Moacir Chiodi. Em fevereiro de 2001, assumiu como Vigário paroquial e vice mestre, Frei Carlos Alberto Moraes de Ramos.

Após setenta anos de vida comunitária, não podemos deixar de agradecer a Deus por nos beneficiar com a presença de muitos seminaristas que foram ordenados e são presença de Deus nas diversas realidades onde a Ordem atua.

As festas da Padroeira constituem um momento forte de devoção e confraternização da comunidade sendo constante a expansão das diversas linhas de pastoral, com atendimento aos mais necessitados, tanto material como espiritualmente. Não é sem motivo que os paroquianos se orgulham de ter participado ativamente no crescimento da paróquia contribuindo ativamente para o crescimento do Reino de Deus.

Aos 09 de janeiro de 2003 tomou posse como Pároco Frei Carlos Topanotti, tendo como prior e mestre Frei Braz Hoinatz de Andrade, Frei Francisco Luiz Ferreira ecônomo da casa e o Irmão Coadjutor Frei José Mariano Gregorek. No início de 2004, tendo Frei Braz ido para Itália, assumiu como prior da comunidade e mestre dos professos, aos 06 de maio de 2004, Frei Álvaro Antonio Agazzi. Neste mesmo ano começou a fazer parte da comunidade Frei Adalmir de Oliveira, após sua ordenação, dia 16 de maio, permanecendo até o final de 2005. Em 02 de março de 2006, Frei Djorge Marcelo de Almeida, passou a integrar a comunidade, exercendo a função de Vigário paroquial.

Interior da Igreja Santa Rita dos Impossíveis, Ramos/Rio de Janeiro (RJ),
2018.

O Capítulo Comissarial de 2006 mudou a comunidade onde Frei Airton Mainardi assumiu como Pároco e Frei Moacir Chiodi como Vigário paroquial e ecônomo. Em maio de 2008, após sua ordenação, Frei Osmar Antonio Ferreira veio compor a comunidade.

Em 2010, sendo Frei Álvaro Antônio Agazzi prior provincial, Frei Airton Mainardi foi designado prior da comunidade e mestre dos professos e Frei Antônio Carlos Ribeiro assumiu como Pároco, aos 14 de fevereiro de 2010. No ano seguinte assume como Vigário paroquial Frei Valdecir Soares.

Aos 11 de fevereiro de 2011 veio integrar a comunidade o Capelão militar Frei Valdecir Chiodi. No dia 18 de maio de 2012 foi nomeado para o ofício de Vigário paroquial Frei Leandro Edmar Nandi. Devido às necessidades foi nomeado Pároco, aos 14 de fevereiro de 2013, Frei Jurandir de Freitas Silveira, também na função de prior da comunidade. Nesta mesma data Frei Antonio Desideri foi nomeado Vigário paroquial.

Aos 15 de março de 2015 Frei Osmar Antonio Ferreira tomou posse como Pároco e Frei Gustavo Tubiana como Vigário paroquial.

Em 2016, por decisão do III Capítulo Provincial, realizado no final do ano anterior, a comunidade, além dos professos estudantes de Teologia, passou a receber também os seminaristas do curso de filosofia, que até então estudavam em Ourinhos (SP).

Neste ano Frei Márcio dos Santos Silva assumiu como mestre dos professos e Frei Joacir Chiodi mestre dos seminaristas. Frei Valdecir Chiodi, deixou de fazer parte da Ordem dos Agostinianos Descalços para servir exclusivamente como capelão da Marinha.

Portanto, desde a fundação, aos 21 de setembro de 1948, dia da posse dos primeiros frades Agostinianos Descalços, que vieram da Itália, até hoje, quantas sementes foram plantadas e quantos frutos foram colhidos, muitos vocacionados seguiram a vida religiosa, outros entraram para dioceses e continuam sendo amigos dos frades, e fazendo um bem enorme à Igreja, outros todavia, saíram e são pais de família, e estão inseridos na sociedade. A semente foi lançada, cabe a cada um adubar, regar e cuidar para que produza frutos de bondade, amor, fé, paz, esperança, caridade, impulsionados pela espiritualidade de Santo Agostinho, que nos convida, seja qual for nossa vocação, a encontrar nossa realização somente em Deus, que é a beleza sempre antiga e sempre nova.

Frei Osmar Antonio Ferreira, oad

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