VI Capítulo Provincial: Documento programático

Documento programático do VI Capítulo provincial
Província Santa Rita de Cássia dos Agostinianos Descalços do Brasil
Toledo-PR, 11-21 de novembro de 2024
Triênio 2025-2027

INTRODUÇÃO
1. Celebrando o VI Capítulo provincial na véspera da abertura do Ano Santo, que tem como lema “Peregrinos de esperança”, nós Agostinianos Descalços da Província Santa Rita de Cássia nos questionamos: onde desejamos chegar? Qual é a nossa meta enquanto Ordem?, e nos colocamos a caminho como peregrinos “mantendo viva a esperança” (Rm 15,4) de que somos acompanhados pelo auxílio da Graça nas decisões que como assembleia reunida tomamos:

VIDA LITÚRGICA
2. A vida religiosa, em todas as expressões, é culto perene a Deus que exige seja colocado acima de tudo o testemunho da contemplação das coisas divinas e da união constante com Deus, na oração como alma da vida consagrada, comunitária e apostólica. (Const. 11)
3. Para melhorar a qualidade da nossa vida litúrgica, exortamos a revitalizar, a reavivar as nossas obrigações inerentes à Profissão Religiosa e à Ordenação Sacerdotal: fidelidade à celebração diária da Eucaristia; à celebração comunitária da Liturgia das Horas; à meia hora diária de meditação prescrita; à adoração mensal ao Santíssimo Sacramento; ao retiro anual com a comunidade provincial. Não nos esqueçamos também do exame de consciência diário, do agradecimento cotidiano, de receber o Sacramento da Reconciliação com frequência, da direção espiritual, da oração pessoal e da devoção mariana.
4. Para melhorar a qualidade da nossa vida litúrgica, definimos as seguintes diretrizes:
5. – Ater-se ao rito litúrgico nas celebrações dos sacramentos, especialmente na celebração eucarística.
6. – Elaborar subsídios agostinianos: a Via sacra agostiniana; uniformizar as 15 quintas feiras de Santa Rita; a devoção a São Nicolau de Tolentino e às almas do purgatório; e a novena a Santo Agostinho e à Santa Mônica.
7. – Elaboração de um tema mensal de retiro para os religiosos.
8. – Valorizar o uso do calendário e as celebrações dos santos agostinianos.
9. – Realizar a tradução do Ritual na língua oficial das Províncias e possivelmente em outras línguas utilizadas nas mesmas (LXXX Cap. Ger., 10).
10. – Escolher em cada Província um referente para colaborar com a Cúria geral na preparação do Calendário litúrgico próprio da Ordem (LXXX Cap. Ger., 13).
11. – Enviar pelo menos um religioso de cada Província para participar do curso de formação para os Postuladores organizado pelo Dicastério para as Causas dos Santos (LXXX Cap. Ger., 15).

VIDA CONSAGRADA
12. O verdadeiro culto a Deus consiste na doação plena a seu amor: “esta é a verdadeira religião, esta é a reta piedade, este o verdadeiro serviço de Deus”. Pela consagração batismal se tornam templo espiritual, sacerdócio santo: ‘que doação oferecemos, pois, a Deus, senão a vontade de sermos seu templo? Nada mais aceitável podemos oferecer-lhe, do que repetir o que está escrito em Isaías: “toma posse de nós”. Pela consagração religiosa se dedicam a Deus com um culto novo e peculiar e se colocam em um novo estado de adesão a Cristo e de serviço à Igreja: “o próprio homem, consagrado no nome de Deus e a Ele dedicado, enquanto morto para o mundo para viver em Deus, é um sacrifício” (Const. 22).
13. Para melhorar a qualidade da nossa vida consagrada, exortamos a redescobrirmos a beleza da mesma no nosso cotidiano e a valorizarmos aquilo que a qualifica.
14. Voltemos a atenção para as nossas fontes: Regra, Constituições, Diretório, Ritual, Ratio Generalis Institutionis. Valorizemos melhor o hábito religioso como sinal externo da nossa consagração. A nossa postura também testemunha, sejamos moderados, prudentes nos ambientes internos e externos. Não nos esqueçamos de trabalhar a formação pessoal, nos aprimorando no diálogo e na comunicação, aproveitando os cursos na dimensão humana, psíquica e espiritual, assumindo as motivações comunitárias para realizar especializações de acordo com as necessidades da Província.
15. A formação inicial dos aspirantes se tornou um trabalho mais delicado e complexo. O contexto familiar dos adolescentes exige conhecer melhor as famílias e compreender seus desafios. Exige paciência, dando o tempo necessário para o amadurecimento integral do aspirante. Os jovens normalmente já vêm de uma experiência de mundo e nem sempre é claro o que eles estão buscando quando pedem para ingressar na Ordem. O processo formativo exige tempo e cautela, tendo uma atenção particular às formações paralelas que vêm pelos meios de comunicação, preocupando-se em colocá-los em contato com as fontes agostinianas e oferecendo-lhes um estilo de vida segundo o nosso carisma. Ensinar testemunhando é uma responsabilidade de cada religioso e o melhor modo de formar.
16. A Promoção Vocacional nos desafia porque exige testemunho, que nos tornemos um ponto de referência para os vocacionados. Portanto, é um trabalho onde todos devem sentir-se responsáveis. É um trabalho de semeadura, onde todo campo é propício: as nossas paróquias, os movimentos que acompanhamos, as famílias com as quais temos amizade e os meios de comunicação. O fruto virá se nos empenharmos para que anualmente tenhamos em cada comunidade uma nova vocação.
17. Para melhorar a qualidade da nossa vida consagrada, definimos as seguintes diretrizes:
18. – Preparar as comunidades para que tenham condições de estabelecer o primeiro diálogo com os vocacionados e se necessário realizar um acompanhamento antes do ingresso dos mesmos;
19. – Manter a experiência de um promotor vocacional a nível de Província e um responsável em cada comunidade, que organize uma equipe de pastoral vocacional local;
20. – Criar um calendário provincial vocacional, que seja adotado pelas comunidades religiosas e paroquiais;
21. – Promover semanas vocacionais em nossas comunidades religiosas e paroquiais;
22. – Favorecer uma maior interação com as famílias dos vocacionados;
23. – Dar continuidade ao projeto vocação e missão, com tempos e modos conforme a necessidade de cada região, observando também o período de pós-missão;
24. – Dar continuidade ao projeto de um aspirantado em Nova Canaã do Norte-MT.
25. – Incentivar os encontros entre o Prior provincial e os religiosos que ocupam o mesmo cargo: Priores, Mestres, Ecônomos e Párocos (LXXX Cap. Ger., 19).
26. – Formar em matéria jurídica confrades competentes que possam ser capazes de preparar um processo administrativo e oferecer suporte e consultoria (LXXX Cap. Ger., 20).
27. – Promover a formação dos religiosos dentro das Províncias sobre a proteção de menores e pessoas vulneráveis (LXXX Cap. Ger., 21).

VIDA COMUM
28. Seguindo a exortação da Regra, esforçam-se por realizar nas casas uma perfeita vida comum na observância das mesmas regras; animados pelo mesmo Espírito. Também a uniformidade exterior favorece e expressa a unidade dos corações: “esta é a oferta sacrifical dos cristãos: muitos, mas um só corpo em Cristo”. (Const. 44)
29. Para melhorar a qualidade da nossa vida comum, exortamos a nos sentirmos mais irmãos.
30. A acolhida é uma característica nossa desde os tempos do Santo Pai Agostinho. Valorizemos as visitas dos confrades e nos exercitemos nas virtudes que favorecem a acolhida do irmão na sua individualidade, com suas qualidades e limitações, bem como em suas responsabilidades.
31. O excesso de protagonismo individualista não condiz com a nossa vocação religiosa. Cada um procure colocar a serviço da comunidade os próprios dons. Aprendamos a valorizar as qualidades do irmão, independente do cargo ou ofício que exerce. “Não façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo. Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros” (Fl 2, 3-4).
32. Nossa vida comum é feita de encontros. Qualifiquemos melhor com oração, partilha, estudo e recreação os nossos momentos comunitários: capítulo da casa, encontro anual, pasquetta, encontro dos priores, dos formadores, dos ecônomos, dos párocos e outros.
33. O espírito de pertença à Ordem deve ser sempre cultivado. Estejamos atentos e abertos às necessidades da Ordem e das demais Províncias em espírito de colaboração.
34. A correção faz parte da vida fraterna e é um grande gesto de amor evangélico. Que haja um maior empenho em cada religioso no reconhecer as próprias faltas e no aprender a corrigir com caridade dentro dos limites previstos nos nossos estatutos.
35. Para melhorar a qualidade da nossa vida comum, definimos as seguintes diretrizes:
36. – Construir uma realidade paroquial que favoreça a participação de toda comunidade religiosa afastando o protagonismo individual;
37. – Os Jubileus dos religiosos, Profissão e Ordenação, sejam celebrados em todas as comunidades e utilizados como oportunidade de promoção vocacional;
38. – Cuidar desde a formação inicial da preparação dos confrades sobre a administração dos bens (Registros da administração, normativas legais, obrigações fundamentais) (LXXX Cap. Ger., 29).

VIDA APOSTÓLICA
39. A atividade apostólica, que brota da íntima união com Deus, faz parte da natureza da vida religiosa: “Verdadeiro sacrifício é toda boa obra pela qual nos empenhamos em nos unir com Deus, em uma santa comunhão, de forma que seja referida ao bem supremo. Ela deve penetrar toda a vida consagrada pela plena atuação do preceito da Regra: “Ame-se antes de tudo a Deus, e depois ao próximo”, e assim continuamente cresça e se dilate a construção daquele templo de Deus, onde “as pedras são de tal forma colhidas e, mediante a caridade, de tal forma juntas na unidade, que não são colocadas uma por cima da outra, mas todas juntas formam uma única pedra”. (Const. 53)
40. Para melhorar a qualidade da nossa vida apostólica, exortamos que em nossas atividades valorizemos como forma de agradecimento aquilo que já foi iniciado: o processo de beatificação e canonização do Servo de Deus com os seus desdobramentos, promovendo visitas ao Memorial no Seminário Santo Agostinho de Ampére e visitas à sepultura no Cemitério Municipal Dom Luiz Vicente Bernetti; o trabalho a nível provincial com as Mães Mônica, de maneira a termos uma fonte de oração pelas vocações, assim como temos a oração das Mães pela fé dos filhos. E de modo especial, exortamos a todos a pedir e a confiar na intercessão do Servo de Deus Fr. Angelo.
41. Para melhorar a qualidade da nossa vida apostólica, definimos as seguintes diretrizes:
42. – Em nossas paróquias: difundamos a devoção aos Santos Agostinianos, enfatizando o nosso calendário litúrgico, fazendo uso das músicas agostinianas; evocação do Santo Pai Agostinho e outros no cânone da Missa; dar mais espaço às devoções próprias da Ordem com a distribuição de material uniforme e uso do nosso Ritual; valorizando a presença de confrades nos eventos paroquiais; fazendo recurso das obras e espiritualidade agostiniana na formação dos leigos e na catequese; proporcionando aos nossos paroquianos maior familiaridade com nossos ritos e normas, de maneira que se sintam membros da comunidade agostiniana;
43. – No processo de beatificação e canonização do Servo de Deus Fr. Angelo Possídio Carù de Jesus Crucificado: divulgar a vida do Servo de Deus através dos meios de comunicação, com auxílio profissional na produção dos conteúdos. Rezar publicamente pedindo a canonização do Servo de Deus. Promover visitas ao memorial e ao túmulo do Servo de Deus. Celebrar as datas significativas do Servo de Deus. Promover arrecadação de fundos com ofertas de missas e outras iniciativas.
44. – No trabalho com os leigos: difundir as Fraternidades Seculares da Ordem em nível provincial, seguindo as diretrizes da Autoridade central (LXXX Cap. Ger., 41). Continuar o trabalho com o grupo das Mães Mônica, implantando-o onde ainda não temos. Retomar o trabalho com os adolescentes (AJA) e jovens (JJA). Produzir material de formação e litúrgico para estes grupos. Organizar os grupos de pastoral vocacional a nível provincial.
45. – Na atividade educativa: estudar uma forma de tornar a atividade do Centro Educativo Católico San Agustín de Yguazú mais consoante com a nossa missão de agostinianos descalços nos moldes do que foi adotado para a atividade educativa no Brasil.
46. – Comprometer as Comunidades a promover sua ação pastoral e nossa espiritualidade através dos meios de comunicação (LXXX Cap. Ger., 42).

ADMINISTRAÇÃO DOS BENS
47. Professando, por amor a Deus, a pobreza, os Agostinianos Descalços seguem mais de perto o exemplo de Jesus, feito pobre por nosso amor, e praticam seu ensinamento a não colocar a segurança e a esperança nos bens terrenos, e sim nos do céu. Assim, confiando na providência do Pai celestial, buscam mais facilmente o reino de Deus e a sua justiça, a própria santificação e a dos outros. Aos homens, demasiado mergulhados nos valores materiais lembram, pelo seu testemunho, os valores do espírito. (Const. 27)
48. Para melhorar a qualidade da nossa administração, exortamos a viver a pobreza professada. Com alegria constatamos que a partilha dos bens entres as comunidades já é uma realidade.
49. Para melhorar a qualidade da nossa administração, definimos as seguintes diretrizes:
50. – Elaborar um projeto provincial de reestruturação das nossas casas para responder às novas necessidades. O projeto respeite a dimensão histórica das estruturas, seja acompanhado por profissionais competentes, salvaguardando a atividade formativa.
51. – Verificar a viabilidade das casas conventuais onde não temos, respeitando tempos, modos e projetos.
52. – Separar juridicamente a Asociación Civil de los Misioneros Agustinos Descalzos (ACMAD) da atividade educativa.

CONCLUSÃO
53. Na esperança de que este documento programático seja um cajado que nos auxilie como peregrinos que buscam juntos ser felizes em servir o Altíssimo em espírito de humildade, suscitando com o nosso testemunho fraterno novos irmãos na caminhada, encorajamos a todos os religiosos a colocá-lo em prática pois “a esperança não decepciona” (Rm 5,5).

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