A partir de 1994, houve um aumento expressivo a cada ano do número de vocacionados pedindo para ingressar em nossos seminários, tendo já concluído o Ensino Médio. Com isso surgiu a preocupação: para qual dos seminários encaminhá-los? Certamente não poderiam ser admitidos para o Noviciado, que vinha sendo realizado após o Ensino Médio, tratando-se de jovens que estavam apenas iniciando sua caminhada vocacional e teriam que passar pela experiência do Postulado.
Para onde encaminhá-los, então, para frequentar o Curso de Filosofia? A opção mais viável parecia ser o Seminário Santa Mônica de Toledo (PR). Ali prestariam vestibular e, uma vez aprovados, poderiam cursar Filosofia na Unioeste e, depois, fazer o ano de noviciado. Esbarrou-se em dois problemas: 01) muitos candidatos compareciam aos estágios quando as inscrições para o vestibular estavam já encerradas; 02) para onde iriam os que eventualmente não conseguissem se classificar?
Apareceu, então, a possibilidade de se frequentar o curso de Filosofia da Diocese de Nova Friburgo (RJ), que Dom Alano Maria Pena OP recentemente tinha criado, morando-se no Seminário Santo Agostinho, em Bom Jardim (RJ). Aí não haveria o problema do vestibular, pois a admissão para a Filosofia seria automática. E assim foi. Antônio Carlos Ribeiro e Francisco Luís Ferreira, hoje Padres, em fevereiro de 1995, iniciaram sua experiência de seminaristas, frequentando Filosofia no Seminário da Diocese de Nova Friburgo (RJ).
1º grupo de professos.
Após ter cursado um ano de Filosofia, com a aprovação da comunidade, poderiam ser encaminhados para o Noviciado “Nossa Senhora da Consolação”, em Nova Londrina (PR), ou dar continuidade ao curso.
No ano de 1996, houve também uma turma de 21 Professos que o Seminário Santa Rita do Rio de Janeiro (RJ) não conseguiria acolher. Estes também foram encaminhados para Bom Jardim para usufruir do curso de Filosofia de Nova Friburgo. As aulas eram ministradas, em sua maioria, no período matutino, mas algumas também na parte da tarde.
Desde o início a comunidade religiosa, cujo Prior era Frei Antonio Desideri, percebeu o desgaste dos alunos que precisavam sair cedo de Bom Jardim, pegar dois ônibus para chegar ao destino, voltando para casa muito tarde e o conseqüente baixo aproveitamento nos estudos, sem contar com as dificuldades para a alimentação. Havia também um gasto não indiferente com passagens e com o próprio curso.
Foi justamente no início do segundo semestre daquele ano de 1996 que a comunidade decidiu trazer o Curso de Filosofia para dentro de casa, já que a estrutura física não faltava, pois poderia usufruir das instalações do Colégio Santo Agostinho. Formou-se o primeiro corpo docente que contou com a colaboração dos próprios Padres, de algum professor do Colégio Santo Agostinho e dos professores do próprio Curso de Nova Friburgo.
A partir de então sentiu-se sempre mais forte a urgência de se pensar num Curso de Filosofia da Ordem, com sede própria, um corpo docente formado em sua maioria por frades, uma biblioteca à altura e que pudesse prestar um serviço também ao clero diocesano, aos (às) religiosos (as) e aos leigos que quisessem usufruir do referido serviço.
Geograficamente pensava-se numa cidade de médio porte que encurtasse os caminhos entre as nossas comunidades do Rio de Janeiro e do Paraná. O superior Delegado Frei Antonio Desideri realizou várias sondagens em diferentes dioceses, conversando com os respectivos Bispos: Osasco (SP); Santos (SP); Itapetininga (SP); Guarapuava (PR); Londrina (PR); Curitiba (PR).
Por fim, aos 15 de janeiro de 1999, estando todos reunidos por ocasião do encontro anual em Nova Londrina (PR), tendo que tomar uma decisão a respeito de um grupo de 19 professos que deveria iniciar a Filosofia, foi lembrado que Pe. Salvador Paruzzo, amigo de Frei Calogero Carrubba, por ser oriundo da mesma cidade da Sicília, na Itália, tinha sido recentemente nomeado Bispo da nova Diocese de Ourinhos (SP). A cidade de Ourinhos preenchia os requisitos exigidos.
Fez-se contato com Pe. Salvador, que estava sabendo da nossa procura, por fazer parte do Clero da Diocese de Osasco, onde nossa proposta tinha sido apresentada, mas não acatada. Ele manifestou sua felicidade em poder nos receber em sua Diocese para o serviço pastoral às paróquias e ficou mais feliz ainda pelo projeto de construirmos um seminário onde pudesse funcionar o curso de Filosofia da Ordem. Comunicou-nos também que a Paróquia de Santo Antônio da Vila Odilon, em Ourinhos, a partir do dia 31 de janeiro de 1999, portanto logo, ficaria sem padre e poderia estar disponível para os Agostinianos Descalços.
Construção do Seminário Santo Tomás de Vilanova.
Os primeiros 03 Frades: Frei Calogero Carrubba; Frei Everaldo Engels e Frei Jurandir de Freitas Silveira chegaram a Ourinhos aos 11 de fevereiro de 1999, festa de Nossa Senhora de Lourdes e, no dia 14, Frei Calogero tomava posse como Pároco na Paróquia Santo Antônio da Vila Odilon. Aos 22 de fevereiro chegaram também os 20 Professos prontos para iniciar o curso de Filosofia. Ficaram todos amontoados na casa paroquial e na casinha ao lado, usando uma sala de catequese da Paróquia como sala de aula.
Os três religiosos acima mencionados, com a ajuda de Frei Claudiomiro Renato Bertuol, professo em estágio, do Pe. José Geraldo da Fonseca, da Congregação dos Teatinos e de uma Professora de Língua Portuguesa formaram o primeiro corpo docente do “Instituto de Filosofia Santo Tomás de Vilanova”, com sede em Ourinhos.
Frei Calogero Carrubba, Doutor em Filosofia, exerceu o cargo de Diretor desde o início; Frei Jurandir de Freitas Silveira, o de Coordenador do Curso e Frei Everaldo, o de Secretário. No ano de 2000 a turma que tinha concluído o 1º ano foi dar continuidade aos estudos no Instituto Teológico do Mosteiro de São Bento, no Rio de Janeiro e uma nova turma iniciou o Curso de Filosofia nas mesmas condições precárias do grupo anterior.
Em abril de 2000 iniciou-se a construção do novo Seminário Santo Tomás de Vilanova que seria também sede do Instituto de Filosofia, numa área em parte doada pelo Sr. José Carlos Dias (15.000 m2), e em parte adquirida do Sr. Rafael Saqueti (18.000 m2). A primeira parte do novo seminário ficou pronta no segundo semestre de 2002. Foi quando os professos passaram a morar nas novas instalações, onde eram ministradas também as aulas de filosofia.
Aos 07 de dezembro de 2003 houve a Missa de ação de graças com bênção e inauguração do novo Seminário e das instalações do “Instituto de Filosofia Santo Tomás de Vilanova”, com a participação de Dom Salvador Paruzzo, Bispo diocesano; Dom Luís Vicente Bernetti OAD, Bispo Auxiliar da Diocese de Palmas-Francisco Beltrão (PR); Frei Antonio Desideri, Prior Geral da Ordem; Frei Luigi Pingelli, Prior Provincial da Itália; Frei Doriano Ceteroni, Superior Provincial do Brasil, outros confrades e padres diocesanos, o Prefeito Municipal Claudemir Alves e uma presença expressiva do povo ourinhense.
Seminário Santo Tomás de Vilanova.
Em dezembro de 2004, devido às muitas transferências de religiosos, foi necessário nomear uma nova Diretoria do Instituto que ficou assim constituída: Frei Calogero Carrubba, Diretor; Frei Braz Hoinatz de Andrade, Coordenador do Curso e Frei Getúlio Freire Pereira, Secretário.
O Conselho Provincial de dezembro de 2005 aprovou os Estatutos e o Regimento. Devido às mudanças de religiosos e, sobretudo pela chegada de Roma de novos confrades formados na área da Filosofia, elegeu a diretoria: Frei Éder Ângelo Rossi, Diretor; Frei Nei Márcio Simon, Coordenador do Curso e Frei Adélcio Vultuoso, Secretário. Ao longo destes anos o nosso Seminário Santo Tomás de Vilanova contribuiu para a formação de muitos Padres da nossa Ordem e da diocese de Ourinhos, recebendo uma sólida formação intelectual e humana.
Os sacerdotes que por aqui passaram não se limitaram somente ao ensino, mas conforme o ensinamento do nosso Pai Santo Agostinho, estenderam a sua caridade às necessidades da diocese, assumindo o serviço pastoral em várias paróquias. Nestes anos foram atendidas a Paróquia de Santo Antônio, na Vila Odilon, que foi confiada à Ordem desde a chegada dos primeiros religiosos desde 1999 ; a Paróquia de Nossa Senhora do Patrocínio em Salto Grande (2002); a Paróquia de Santo Antônio em Ribeirão do Sul (2003-2007); a Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro em Canitar (2000-2017); a Paróquia de Nossa Senhora Aparecida do Vagão Queimado em Ourinhos (2010…); a Paróquia de São Pedro, em São Pedro do Turvo (2010-2016). Também está se dando uma colaboração pastoral a vários movimentos e pastorais diocesanos, como o Cursilho de Cristandade, a Pastoral da Saúde, a Pastoral da Família etc., bem como a assistência espiritual ao Lar dos Anciãos Desamparados “Santa Teresa Jornet”, com celebração da santa missa diária e assistência espiritual aos velhinhos. A nossa Ordem está prestando um serviço qualificado à Diocese de Ourinhos, coordenando a Chancelaria da Cúria diocesana, desde 2004 até os dias atuais. Ela também estendeu a sua valiosa colaboração também à Província Eclesiástica de Botucatu, colaborando com o Tribunal Eclesiástico Interdiocesano daquela Província Eclesiástica, por meio de um seu Religioso, que foi nomeado, pelo Bispo Moderador do referido Tribunal, Defensor do Vínculo e depois Vigário Judicial adjunto do mesmo Tribunal. Atualmente nossa Ordem continua prestando um serviço qualificado na ajuda à diocese de Ourinhos por meio do Frei Calógero, que exerce a função de Chanceler da Cúria diocesana e também a de Vigário Judicial do Tribunal Eclesiástico diocesano da mesma diocese.
Frei Calógero recebe o título de cidadão ourinhense.
A presença dos Agostinianos Descalços se estendeu também no mundo da cultura, nas universidades presentes em Ourinhos e na cidade vizinha de Jacarezinho, para abrir um diálogo amigo e fraterno com professores e alunos que apresentam outras visões de vida e outros valores culturais, levando a Palavra de Deus naquele ambiente, testemunhando os valores do Reino através da palavra e da cultura, mas, sobretudo, através do testemunho de vida sacerdotal e religiosa.
A partir do final de 2016, o Seminário Santo Tomás de Vilanova, por falta de vocações, foi transformado em “Colégio Santo Agostinho”, cuja inauguração se deu no dia 15 de dezembro de 2017, dando continuidade à tradição educativa humana e cristã deixada pelo nosso Pai Fundador. Façamos votos que esta iniciativa colabore com a formação humana, moral, cristã e intelectual de tantos adolescentes e jovens, que possam se tornar através do estudo e do cultivo dos valores humanos, sociais, religiosos, morais e intelectuais, bons cidadãos e bons cristãos; e que muitos deles possam seguir as pegadas de Santo Agostinho, continuando a obra evangelizadora de Cristo.
Inauguração do Colégio Santo Agostinho,
15/12/2017.
São este os votos que desejamos à nossa Ordem no Brasil, no aniversário dos setenta anos da sua presença na Terra de Santa Cruz.
Frei Calogero Carrubba, oad