Revista Ide e Anunciai 21. Os Agostinianos Descalços na Pavuna/Rio de Janeiro (RJ)

O início

O constante aumento de professos e o crescente número de sacerdotes brasileiros fez com que os Padres da Delegação se preocupassem com antecedência com a abertura de mais uma comunidade para os professos teólogos, no Rio de Janeiro e de mais um seminário menor, pois o seminário Santo Agostinho de Bom Jardim continuaria acolhendo os professos filósofos. Neste intuito, aos 10 de setembro de 1996, festa de São Nicolau de Tolentino, foi encaminhada à Arquidiocese do Rio de Janeiro uma carta em que a Ordem se dispunha a atender a mais uma paróquia que tivesse um espaço físico para acolher um grupo de teólogos.

Uma entre as várias propostas que a Arquidiocese nos fez, foi a de assumirmos a Capela “Nossa Senhora da Conceição” da Paróquia Santo Antônio, no bairro da Pavuna, atendida pelos Padres Mercedários. Estes nos disseram que torná-la paróquia era um projeto que vinha se arrastando há bastante tempo, pois ela foi construída no terreno de propriedade da Congregação religiosa, o que impediria a criação da nova paróquia e não se encontrava o jeito de se chegar a um acordo entre as partes.

Igreja Matriz.

Alguns meses depois, voltando a conversar a respeito da futura paróquia, os Padres nos manifestaram sua intenção de deixar a Paróquia Santo Antônio para ficarem apenas com a de Guadalupe e transferir para lá também o seminário menor, porque os seminaristas, todos os dias, precisavam se deslocar da Pavuna até lá para frequentarem as aulas no Colégio da Congregação.

Tratava-se de uma proposta interessante para nós, porque os professos teólogos passariam a usar as estruturas do seminário e também para a diocese do Rio, pois encontraria a forma mais simples de substituir os três Padres Mercedários que vinham servindo a Paróquia há muitos anos.

A decisão final seria tomada durante a assembléia anual que aconteceria na primeira dezena de janeiro de 1998. Enquanto isso, tinha sido encaminhado a D. Augusto Zini Filho, Bispo Auxiliar do Rio responsável por este setor, um novo pedido, desta vez, direcionado à Paróquia Jesus Sacramentado, na Vila da Penha, que tinha ficado sem Padre. Esta teria também condições de acolher um pequeno número de vocacionados.

No dia 11 de janeiro, Pe. Emílio Santamaria Fernandes, Vigário Provincial, comunicou ao Frei Antonio Desideri, nosso superior Delegado, que se encontrava em Ampére – PR por ocasião do Encontro anual, que em assembléia, os Padres Mercedários tinham concordado em entregar a Paróquia à Arquidiocese, por falta de Padres.

Um pouco mais tarde chegou a ligação de Dom Augusto Zini Filho, dizendo que a Arquidiocese do Rio tinha aprovado o nosso pedido de assumir a Paróquia “Jesus Sacramentado”. Assim, em questão de uma hora, a situação tinha mudado completamente: estávamos em condições até de escolher, entre as duas opções, a que mais respondesse às nossas exigências, sobretudo em termos de seminário. Frei Antonio não pensou duas vezes. Sem a menor dúvida, optou para a Paróquia Santo Antônio por ser maior e por isso necessitar de mais Padres e por ter uma estrutura de seminário mais adequada e maior do que a de Jesus Sacramentado.

Seminário São Nicolau de Tolentino.

Uma vez que tudo estava bem encaminhado por aqui, precisava formalizar juridicamente as coisas com o governo central em Roma. Neste sentido o Superior Delegado encontrou uma certa resistência e dificuldade até ser convocado a Roma para tentar explicar e justificar pessoalmente os motivos e as vantagens da escolha de uma secunda comunidade no Rio. De fato, na opinião dos superiores, poderia também se ampliar o seminário Santa Rita, em Ramos e, assim não precisaria se preocupar com mais um formador. Mas, por fim, o Definitório Geral reunido em Roma, no mês de fevereiro de 1998, deu parecer favorável para que a Ordem aceitasse a Paróquia. Eis o texto da decisão tomada aos 18 de fevereiro:

“Os Padres do Definitório Geral, analisado o pedido do superior da Delegação do Brasil (25 de janeiro de 1998), em que pede que seja aceita a paróquia S. Antônio, , na Pavuna, Rio de Janeiro, a nós oferecida pela Arquidiocese, que compreende o anexo edifício que poderá servir num futuro próximo como seminário dos professos, em face do aumento do número de professos, que tornou insuficiente o atual seminário “Santa Rita dos Impossíveis”, em Ramos, consentem a tal pedido”.

No dia 01 de março, Frei Gelson Briedis recebeu a posse como pároco do Vigário Episcopal do Vicariato Suburbano, Mons. Gilson José Macedo da Silveira e Frei Marcos Mezzalira a de Vigário Paroquial e Frei Nicola Loreto Spera, Irmão religioso e diácono Permanente. (CETERONI, Doriano. Os Agostinianos Descalços, Ourinhos, 2008).

Posse Frei Gelson Briedis,
1/3/1998.

Nestes 20 anos de presença dos Agostiianos Descalços na Pavuna, foram ao todo 23 religiosos agostinianos descalços que cumprindo a obediência religiosa passaram por esta comunidade: Frei Gelson Briedis (1998-2002); Frei Marcos Mezzalira (1998); Frei Nicola Loreto Spera, Irmão religioso e Diácono permanente (1998-2001); Frei Carlos Topanotti (1999); Frei Valdecir Chiodi (2000-2009); Frei Dejalma Francisco Grando (2000-2001); Frei Getúlio Freire Pereira (2001-2003; 2017…); Frei Moacir Chiodi (2003-2006); Frei Antônio Carlos Ribeiro (2003-2006); Frei Lorivaldo do Nascimento (2004-2006); Frei José Jorge dos Santos Firmino, Irmão religioso (2005); Frei Laércio José Dias Sanção (2006-2008); Frei Edson Marcos Minski (2007-2015); Frei Djorge Marcelo de Almeida (2007-2008); Frei Rogério Chiodi (2007-2010); Frei Valdecir Soares (2009); Frei Doriano Ceteroni (2010); Frei Elves Allano Perrony (2010-2015); Frei Rosario Cesiro Palo (2010-2013); Frei José Arnaldo Schott (2011-2012); Frei Leandro Edmar Nandi (2013-2017); Frei Darci Nelson Przyvara (2016…); Frei Gustavo Tubiana (2016…).

A Paróquia Santo Antônio

A Paróquia Santo Antonio foi criada aos 14 de agosto de 1944, com decreto do Arcebispo Metopolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro Dom Jayme de Barros Camara, com território desmembrado das Paróquias São Tomé de Anchieta e de Nossa Senhora da Apresentação de Irajá. Recebeu o título de “Paróquia de Santo Antonio da Pavuna”, sendo instalada no dia seguinte, 15 de agosto, pelo mesmo arcebispo e tendo como primeiro Vigário Ecônomo (Pároco) o Reverendo Padre Alfredo Simon.

A construção da atual Igreja teve início no dia 13 de junho de 1945 com a bênção da pedra fundamental. A Capela anterior era da Irmandade de Santo Antonio que tinha se instalado aos 17 de junho de 1928.

Aos 6 de Fevereiro de 1955, a Ordem da Mercês na pessoa do segundo pároco o Padre Frei Amadeo Gonzales Ferreira assumiu os cuidados pastorais da Paróquia. A Ordem Mercedária guiará a Paróquia Santo Antonio por 43 anos tendo como seu último Pároco o padre Frei Jesús Teno Vásques, terminando o seu serviço no dia 1 de março de 1998, quando Frei Gelson Briedis tomou posse como primeiro pároco da Ordem dos Agostinianos Descalços.

A empatia entre a comunidade paroquial e a nova comunidade religiosa foi quase que imediata como demostrou a visita (8-9 de março de 1999) da Relíquia do Santo Pai Agostinho na matriz e nas capelas da Paróquia apenas um ano após a nossa chegada, em ocasião da celebração do jubileu dos 50 anos da nossa presença no Brasil (1948-1998).

Nesses 20 anos da presença de nossa Ordem, a Paróquia Santo Antônio foi guiada espiritualmente, pelos religiosos Frei Gelson Briedis (1998-2002); Frei Antônio Carlos Ribeiro (2003-2006); Frei Edson Marcos Minski (2007-2015); Frei Darci Nelson Przyvara (2016…) como párocos, auxiliados pelos vários religiosos pertencentes à comunidade religiosa.
Na comunidade paroquial o trabalho è grande, árduo, mas gratificante. Cerca de 40 pastorais e movimentos; 3 (três) capelas: São Pedro Nolasco, Nossa Senhora da Alegria e Nossa Senhora das Mercês. As capelas eram 4 (quatro) até quando a Capela Nossa Senhora da Conceição foi desmembrada, tornando-se paróquia (29 de março de 2008).
Por muitos anos funcionaram os Cursos Mater Ecclesiae e Luz e Vida, dando formação adequada a muitos agentes de pastoral, atualmente permanecem inativos por falta de um número suficiente de alunos.

2º grupo de professos.

Os grupos de espiritualidade agostiniana também encontraram terreno fértil, com a presença do AJA (Adolescentes junto a Agostinho) e do JJA (Jovens junto a Agostinho), como também os Amigos di AJA, formado pelos pais dos adolescentes.

A celebração eucarística semanal, por parte dos religiosos sacerdotes, a duas comunidades religiosas femininas, as Irmãs Mercedárias da Caridade do Instituto Santo Antonio, na Pavuna e as Irmãs Franciscanas de Dillingen do Colégio Santa Maria, de São João de Meriti, testemunham também a comunhão na vida religiosa; comunhão esta vivida desde os primeiros momentos de nossa chegada à Paróquia e a permanência por um ano do Seminário Mercedário.

A Comunidade São Nicolau de Tolentino

Nos anos 1998-1999 os religiosos eram somente residentes, pertencendo à Comunidade Santa Rita de Ramos. O Definitório Geral Extraordinário reunido em Roma de 6-23 de dezembro de 1999, erigiu uma nova Casa religiosa no Brasil, a sexta, dedicando-a a São Nicolau de Tolentino: “Os Padres do Definitório Geral, tendo visto: a) a Proposição votada no Definitório Geral (Sessão VIII, 12.02.1998), com a qual aceita o pedido do Delegado da Delegação Brasileira (21.01.1998), com a qual pede que seja aceitada a Paróquia Santo Antônio (Pavuna) no Rio de Janeiro, oferecida-nos pela Arquidiocese, que compreende o edifício anexo, que em um futuro próximo pode ser usado como sede de clericado; b) o consenso escrito do Ordinário do lugar (22.12.1999); Erige canonicamente a nova Casa “S. Nicolau de Tolentino”, na Pavuna, Rio de Janeiro e a destina a sede de formação”.

A nova comunidade se instalou no dia 13 de fevereiro de 2000, na presença do Superior Geral Frei Antonio Desideri com a inauguração do Seminário recebendo o primeiro grupo de dez (10) professos de votos simples, estudantes de filosofia.
Nesse período a comunidade foi guiada pelos seguintes priores: Frei Gelson Briedis (2000-2002); Frei Moacir Chiodi (2003-2006); Frei Edson Marcos Minski (2007-2009; 2011-2015); Frei Doriano Ceteroni (2010); Frei Darci Nelson Przyvara (2016…).

A Comunidade São Nicolau de Tolentino foi casa de formação até o final do ano de 2012, quando por decisão do II Capítulo Provincial (IV Sessão, 13.12.2012) da Província Santa Rita de Cássia foi fechado o Seminario. Os professos estudantes de filosofia e teologia no Mosteiro de São Bento, nesses 13 anos foram acompanhados pelos seguintes religiosos, na função de Mestre: Frei Valdecir Chiodi (2000-2006); Frei Laércio José Dias Sanção (2007-2008); Frei Doriano Ceteroni (2010); Frei José Arnaldo Schott (2011-2012). No ano de 2009 não houve grupo de professos.
Dos religiosos em formação que passaram pelo Seminário São Nicolau de Tolentino, além de Frei Aléx Sandro Rodrigues, irmão religioso, foram ordenados 12 sacerdotes: Frei Laércio José Dias Sanção, Frei Juarez Bastiani, Frei José Arnaldo Schott, Frei César de Souza Gonçalves, Frei Osmar Antônio Ferreira, Frei Cleber Rosendo da Silva, Frei Diogo Moreno Pereira, Frei Renato Batista Machado, Frei Diego Santos de Souza, Frei Denildo da Silva, Frei Claudimir Falkowiski e Frei Alciney de Freitas Martins.

Das vocações oriundas da Paróquia Santo Antonio, somente uma chegou à ordenação, Frei Vitor Hugo Silva do Espírito Santo, ordenado aos 2 de julho de 2016.

Ordenação sacerdotal de Frei Vitor Hugo Silva do Espírito Santo, 
2016.

A gratidão ao Senhor da messe que nesses 13 anos mostrou a sua providência através da generosidade da comunidade paroquial, que com carnês de contribuição e a festa do seminário, juntamente com a contribuição institucional por parte da paróquia, nunca deixou faltar nada, pelo contrário, foi abundante para com o seminário.

Frei Getúlio Freire Pereira, oad

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