Presença Agostiniana nº 195

Revista Ide e Anunciai 38. OAD: para sempre gratidão

Evaldo José Palatinski

Olá, eu sou Evaldo José Palatinsky e gostaria de dividir um pouquinho da minha trajetória com você. Minha história com os Agostinianos Descalços começou num verão bem quente de 1983. Na casa de madeira, bem pobrezinha, chão batido e algumas frestas nas paredes, onde vivíamos os 7 irmãos mais o pai e a mãe, um dia apareceram 2 freis (Álvaro, que mais tarde se tornaria um grande amigo, e Doriano, que já no seminário, seria um verdadeiro pai para mim). O convite para deixar o duro trabalho de boia fria e partir para Ampére, me fez exultar de alegria nos meses finais daquele ano. Imagine! Entrei para cursar o Ensino Médio, antigo Segundo Grau, e passei 3 anos estudando no Cecília Meirelles. Depois, Toledo e Rio de Janeiro. Foram 9 anos de estudos e aprendizagens. Foi um tempo fecundo de descobertas e crescimento que impactaram minha vida para sempre: rotina, oração, estudo, recreio, ensaios, cursos, palestras, aulas… Ama et fac quod vis (ama e faze o que quiseres), Canta e Camina (canta e caminha)… Sero te amavi (Tarde te amei)… o latim, o grego, o italiano, os cantos e as músicas. Quanta saudade!

Saí no ano de 1993 e fui à luta. Comecei dando aulas para uma turminha do 3º ano do Ensino Fundamental I, no Pirlim Pim Pim, no Rio. Depois fui trabalhar com alunos maiores. Um dia surgiu uma oportunidade de fazer um curso de locução e aí começou minha história com o rádio.

Encontro dos ex-seminaristas, Ampére (PR),
dezembro de 2017.

Esse curso me abriu portas para um trabalho que envolveu 20 anos da minha vida: narração esportiva. Tive o privilégio de ser narrador da rede CBN e da Rádio Globo do Rio nas Copas do Mundo da Alemanha, da África do Sul e do Brasil.
Foram muitas viagens e muitas histórias em tantos campeonatos diferentes acompanhando os clubes do Rio de Janeiro.
Em paralelo, jamais deixei minha missão no magistério, onde atuo ainda hoje e sou muito feliz. Não tenho dúvidas de que só cheguei até aqui graças à formação que recebi em meus anos de estudos com os agostinianos: o respeito ao outro e às diferenças, a fé, a perseverança, a humildade…quantos valores ficaram impregnados no mais profundo de minha alma. Quantos e quantos amigos! Freis, benfeitores, colaboradores, professores… nomeá-los seria injusto, porque certamente esqueceria de alguém. Meu sentimento é somente de gratidão. Um caminho que percorreria de novo, sem a menor dúvida. Encerro com um dos fragmentos preferidos de Santo Agostinho em uma de suas obras mais conhecidas, as Confissões: “Fizeste-nos, Senhor, para Vós! E, inquieto estará o nosso coração enquanto não repousar em Vós”.
Uma vez agostiniano inquieto, eternamente inquieto! Muito obrigado, OAD!

Família de Evaldo José Palatinski.

A Província dos Agostinianos Descalços do Brasil, agradece a todos que fizeram parte da sua história e que continuam, de uma maneira ou de outra fazendo parte desta grande família…
‘’Uma alegria partilhada com muitos é maior  para cada um’’ (Santo Agostinho).

Dona Benvenuta

Benvenuta Helide Favretto nasceu em Veranópolis (RS), no dia 03 de novembro de 1915. Era filha de Enrico Favretto e Ana Angonese, tendo como avós paternos Gioacchino Favretto e Maria Ceccato, e como avós maternos Luigi Angonese e Lúcia Pigato. Ficou órfã aos 14 anos de idade, quando sua mãe veio a falecer em 1929, em conseqüência de um parto mal sucedido. Como era a 2ª de oito irmãos, teve que cuidar de seus 6 irmãos menores que ela, inclusive renunciando ao casamento para poder encaminhá-los. Permaneceu na casa paterna até os 41 anos de idade, isto é, 1956. Nesse ano mudou-se para Gaurana para trabalhar num hospital, que era administrado por freiras. No hospital ela trabalhou até 1964, quando a convite da diretoria da igreja matriz Santa Teresinha de Ampére e seu pároco Padre José Bosmans, veio trabalhar em nossa paróquia recém fundada. Ao longo de 36 anos, desde abril de 1964, aos últimos dias da sua vida trabalhou na casa canônica, auxiliando os padres na sua missão. Faleceu aos 27 de junho de 2000, aos 84 anos de idade.

Frei Nicola Spera, Einetes Spada, Dona Benvenuta, Ninetta, Claudete Simionatto.

Com esta simples homenagem a Dona Benvenuta a Província dos Agostinianos Descalços quer agradecer os inúmeros colaboradores da nossa missão. Todos os que nos ajudaram e ajudam nos seminários, nas paróquias, nos colégios.

Ângela e Adalton Cariello

A gratidão de Bom Jardim à Ordem dos Agostinianos Descalços é de longa data. Os primeiros vieram da Itália, adaptaram-se ao nosso jeito. Como se diz macarrão sempre, arroz e feijão bem-vindos também.

A alegria contagiante de Frei Francisco, mesmo que às vezes estivesse em apuros, como certa vez que foi visitar uma comunidade, também montado num burrico, como o Mestre. Prepararam a recepção e quando o avistaram soltaram foguetes. O animal se assustou e o jogou no chão. Ou quando foi batizar uma criança já maiorzinha, que ao sentir a água fria na cabeça xingou a mãe do padre. Muitos outros episódios, contava e ria na simplicidade e pureza do seu coração. Professor de história logo foi apelidado de Frei Bolinha. E atendia solícito.

Frei Luis Bernetti e Frei Antonio Desideri chegaram para animar os jovens. Aí chegou Frei Possídio. Não faltava mais nada. Formaram o primeiro grupo de jovens. Fizeram um lindo trabalho. Possídio transbordava caridade. Importantíssimo para toda a comunidade: a construção do Colégio Santo Agostinho: que proporciona desde sempre educação de qualidade, boa formação moral e religiosa. Por hora nosso seminário está desativado. Porém toda comunidade reza pelas vocações. Sempre choramos com os que partem e nos alegramos com os que chegam. Com a ajuda dos frades construímos capelas. A igreja matriz foi demolida e a obra concluída em dois anos e meio. A obra da praça da matriz construída sem nenhuma ajuda do poder público. E agora o sonho do centro pastoral que vai se realizando.
Obras materiais firmadas, porque com os frades ao longo do tempo refletimos sobre nossas atitudes, nos reconhecer pecadores e buscar a conversão. E assim cada um de nós pode sentir a dimensão pessoal da fé se manifestar e concretizar na comunidade unida como frutos das sementes lançadas pelos frades. Hoje, o trabalho pastoral é mais abrangente. E com a graça de Deus nosso pároco é incansável.

Uma Palavra de Gratidão aos Amigos e Benfeitores
Como o Adalton e a Ângela de Bom Jardim (RJ), nestes 70 anos, a Ordem no Brasil encontrou muitos amigos e benfeitores. Quantas famílias ofereceram seu carinho, sua atenção, seu tempo, seus bens aos frades e aos seus projetos. Recorda-se aqueles que doaram terrenos para construção dos seminários, de capelas e outras obras. Quantas famílias fizeram e fazem parte da Pastoral Vocacional em nossas paróquias e seminários. Quantas promoções para angariar fundos para construir e, depois, para manter a obra vocacional. Quantos coordenadores de pastorais e movimentos em nossas comunidades paroquiais colaboram com os párocos na evangelização. Quantos conselhos econômicos deram tudo de si para construir igrejas, capelas, centros de pastoral e outros espaços para a evangelização. O povo é maravilhoso, é guerreiro, é dedicado. Sem vocês amigos e benfeitores a Ordem não estaria onde está. A vocês a gratidão de todos os frades Agostinianos Descalços e o desejo de continuar contando sempre com a valiosa colaboração de todos.

Revista Ide e Anunciai 37. Constituições OAD

Constituições dos Agostinianos Descalços

Toda e qualquer organização religiosa ou civil, tem suas normas, suas leis, que regulam a vida de todos que fazem parte daquela família religiosa, daquela Igreja, daquela sociedade. Assim, os Agostinianos Descalços também tem suas normas de vida, desde o início da sua história em 1592. As primeiras Constituições remontam do ano 1598. De lá para cá foram feitas várias atualizações para estarem sempre em sintonia com o caminhar da Igreja e da sociedade, mas sempre procurando manter o espírito das primeiras Constituições. Com o Concílio Vaticano II (1962-1965), toda a Igreja foi convidada a uma grande revitalização de sua vida e de suas normas. Da mesma forma os Agostinianos Descalços, após o Concílio Vaticano II, entre os anos 1969 a 1981 fizeram um novo texto das Constituições, promulgadas em 1984, pelo então Prior geral, Frei Felice Rimassa. O Capítulo geral de 2017, como vimos no artigo anterior, fez algumas atualizações, que ao longo dos anos, se tornaram necessárias. A seguir apresentamos os primeiros números das Constituições que nos ilustram a natureza, a espiritualidade e a finalidade da Ordem dos Agostinianos Descalços.


Natureza, Espiritualidade e Finalidade da Ordem

01 – A Ordem dos Agostinianos Descalços (Ordo Augustiniensium Discalceatorum) (OAD) é um instituto clerical isento, de direito pontifício. Seus membros, clérigos e irmãos coadjutores, aos votos de castidade, pobreza, obediência, acrescentam um quarto, o de humildade, seguindo o exemplo e o ensinamento de Santo Agostinho, seu Pai e Fundador.

02 – A Família dos Agostinianos Descalços compreende também as Religiosas Agostinianas Descalças, a Terceira Ordem Regular e Secular, e outras associações adjuntas, segundo a norma do direito universal.

03 – A exemplo de Santo Agostinho e da primeira comunidade agostiniana de Tagaste, nosso intento de agostinianos descalços é alcançar, com o auxílio da graça, a perfeição do amor evangélico, buscando a ,Deus e alegrando-nos comunitariamente numa peculiar atitude de humildade porque Deus é bem comum, não particular sendo tam.bém o maior de todos os bens.

04 – Cientes de sermos criados à imagem e semelhança de Deus Uno e Trino, em nosso trabalho espiritual comum tendemos a:;- Tornar nítida sua imagem, impressa em nossa alma, porém ofuscada pelo pecado;;- Vir a ser “posse” de Deus;.- Edificar-nos como templo de Deus: Ele, de fato, “habita em cada um de nós fiéis como em outros tantos templos seus e nos fiéis reunidos em comunidade como no seu templo”.

05 – Inseridos pelo batismo no mistério de Cristo e da Igreja, mãe que gera os mosteiros, queremos viver a densidade deste mistério:
– Colocando nosso fundamento e nossa esperança em Cristo, caminho e fim da nossa caminhada de fé;
– Imitando fielmente Cristo na alegria do cântico novo;
– Tornando-nos membros escolhidos do corpo místico, o Cristo total;
– Empenhados na edificação da cidade de Deus;
– Oferecendo-nos diante do mundo como modelo de pequena Igreja, sendo a comunidade a parte mais nobre da veste de Cristo.

06 – Nossa prioridade é a vida contemplativa. Ela:
– Reúne-nos na interioridade, diante da dispersão exterior porque “o amor da verdade busca a santa quietude”;
– Dispõe ao dialogo sobrenatural com Deus, tanto pessoal como comunitário;
– Torna dóceis às moções do Espírito Santo;
– Induz a viver nossa vida como perene louvor a Deus, pois “a maior obra do homem é somente louvar a Deus”;
– Dispõe ao estudo da Sagrada Escritura e das coisas divinas.

07 – “A necessidade da caridade exige reto agir”. Por este motivo, a contemplação agostiniana deve ser ela mesma apostolado fecundo e busca apaixonada de formas pastorais que nos propiciem levar o próximo a louvar a Deus, mediante todos os valores: “Enlevai a todos para o amor de Deus… falando, rezando, discutindo, raciocinando com mansidão, com ternura”.

O apostolado é determinado pela necessidade dos tempos e regulado pelas diretrizes da Igreja e dos superiores. Insere-se na realidade viva da Igreja local, abre-nos para as dimensões da Igreja univ:ersal, que amamos e servimos com amor todo especial.”Corramos, portanto, meus irmãos, corramos e amemos a Cristo… desdobra tua caridade no mundo inteiro, se quiseres amar Cristo, porque os membros de Cristo se estendem no mundo inteiro. Se amares só urna parte, estarás dividido, não estarás mais unido ao corpo”.

08 – Fiéis aos princípios da Regra: “O motivo essencial pelo qual vos reunistes em comunidade, é para que vivais unanimes na casa e exista entre vós uma só alma e um só coração, orientados para Deus”35, realizamos nossa ascese na plenitude da vida comunitária, segundo o modelo da primeira comunidade de Jerusalém.
A alma da vida comum é a caridade. Ela:
– “Modera a alimentação, as conversas, o modo de vestir e as atitudes”;
– Não deixa possuir nada em particular;
– Vivifica a atividade apostólica dos indivíduos, de modo que exprima a unidade dos corações: “Muitos corpos, mas não muitas almas; muitos corpos, mas não muitos corações”;
– Cultiva o diálogo e a amizade espiritual;
– Visa a formar “urna só alma, a única alma de Cristo”, sem mortificar a personalidade de cada religioso, antes, revigorando-a e fazendo-a crescer mais.

09 – Atentos ao chamado de Jesus e cientes de que nos encaminhamos “para as alturas, com os pés da humildade”, nós, Agostinianos Descalços, temos o propósito de testemunhar peculiar atitude interior de humildade que:
– Favorece a pobreza, a mortificação e o desapego do mundo;
– Forma mãos disponíveis ao serviço de Deus e do próximo;
– Facilita a vida fraterna na comunidade.
Esta é a significação espiritual mais profunda do voto de humildade e do nudipédio. “Entra descalço nesta terra, pois é santa. Desnuda os pés, isto é, os afetos de tua alma, para que fiquem nus e livres”.

10 – No espirito de nossas tradições, contemplamos em Maria a Mãe da Graça e dos fiéis, o modelo de vida consagrada e o modelo perfeito da Igreja. Ela alimenta com suaves afetos a vida do coração e faz da comunidade uma família. Veneremos Maria com profundo afeto filial e com o peculiar título de “Mãe da Consolação”, e apresentemo-la aos fiéis como sinal de esperança e de consolação do peregrinante povo de Deus.


Viveram o carisma Agostiniano Descalço…

Frei Giovanni Nicolucci (1552-1621).

Frei Carlo Giacinto Sanguinetti (1658-1721).

Frei Santo de São Domingos (1655-1728).

Frei Luigi Chmel (1913-1939).


São exemplo de vida para nós hoje…

Encontro Anual dos Frades, Toledo (PR),
2017.

Revista Ide e Anunciai 36. LXXVIII Capítulo Geral – 2017

Nunca nos abandonaste e, no entanto, sentimos dificuldade em retornar para ti. Vamos, Senhor, age, desperta-nos convoca-nos, inflama-nos e arrebata-nos, enche-nos de fogo e doçura! Amemos! Corramos.

Alguns meses já se passaram da celebração do 78° Capitulo Geral da Ordem dos Agostinianos Descalços, mas as doces e calorosas palavras de Santo Agostinho, acima citadas, ainda ressoam de modo intenso aos ouvidos e aos corações de todos os frades, estas de fato guiaram as orações e as reflexões de todos os religiosos da Ordem antes e durante o Capitulo Geral.

A celebração de um Capitulo Geral é sempre um momento especial para cada Ordem religiosa, normalmente acontece a cada seis anos e pela sua sublime importância, sempre é preparado com antecedência para que cada momento, cada decisão, seja tomada com a devida cautela na oração e na plena confiança em Deus.

E foi próprio com plena confiança na Providência Divina e na força do Espirito Santo, que continua sempre abrindo novos horizontes, que a Congregação Plenária de 2016, sem hesitar decidiu de celebrar pela primeira vez no Brasil o Capitulo Geral da Ordem dos Agostinianos Descalços escolhendo como sede o Seminário Santa Mônica de Toledo (PR).

Respondendo prontamente à decisão tomada pela Congregação Plenária a Província do Brasil se organizou e recebeu com alegria os religiosos vindos da Itália, Filipinas, bem como os do Brasil, para a celebração deste evento que, em 2017, coincidiu com os 425 anos de história da Ordem (1592-2017).

Participantes do Capítulo geral.

Os 25 religiosos participantes, cinco representes de cada Província e sete membros da Cúria Geral participantes por direito, tiveram a difícil e desafiadora missão de tratar os mais diferentes temas sobre a vida da Ordem e das Províncias seguindo e observando todas as diretrizes do direito próprio e universal.

Conscientes da grande variedade de temas que poderiam ser abordados durante o Capítulo, os capitulares, após muito dialogarem decidiram escolher alguns que segundo eles pareciam ser mais urgentes. Os temas escolhidos foram:

1. A revisão das Constituições e do Diretório.
2. A formação em seus diversos âmbitos.
3. A formação especifica para os párocos, mestres, ecônomos e priores.
4. A formação à interculturalidade e espírito evangélico.
5. A valorização dos religiosos.
6. Identidade e carisma da Ordem (tradução das fontes nas línguas correntes).
7. Espiritualidade agostiniana (conhecimento dos veneráveis da Ordem).
8. Uma nova organização da Cúria geral.
9. A colaboração entre as Províncias.
10. A Terceira Ordem e os grupos de inspiração agostiniana.
11. As iniciativas missionárias e o cuidado das missões.
12. Promoção vocacional.

Estes pontos guiaram as discussões e os trabalhos tanto em assembleia como em grupo, entre esses temas o que exigiu maior tempo e dedicação foi o da revisão das Constituições e do Diretório.

Sobre a importância da revisão destes dois textos normativos, vale a pena lembrar que já o Capitulo Geral de 2011 tinha expresso claramente o desejo de que tal trabalho fosse feito e sucessivamente também as congregações plenárias de 2014 e 2016, não somente confirmaram tal urgência, mas também trabalharam de modo direto em cima dos diversos números que necessitavam de mudanças. Portanto, os membros do 78° Capitulo Geral se encontraram diante da difícil missão de concluir o trabalho em andamento, tendo, contudo, já em mãos uma base escrita sobre a qual continuar trabalhando.

Quais foram porém, os motivos que levaram os frades do Capitulo Geral de 2011 e as sucessivas Congregações Plenárias a decidirem de realizar este trabalho?

Sem dúvida muitos foram os motivos que afloraram durante estes eventos, mas dois pontos basilares merecem destaque: a evolução dos tempos e a expansão da Ordem em diversos continentes. Com a evolução dos tempos também a Igreja cresce, se desenvolve e se renova assim também as normas que regem um instituto religioso precisam passar por este processo de atualização e renovação. Também a Ordem dos Agostinianos Descalços com o passar do tempo cresceu e se expandiu em terras de missões, novas Províncias nasceram, e consequentemente diversos números dos documentos que regem o governo da Ordem precisavam ser elaborados, revistos ou até criados.

Diante desta necessidade os Padres capitulares reunidos não mediram esforços e trabalharam assiduamente na revisão destes documentos desde a sessão V do dia 26 de abril até a sessão XLI do dia 22 de maio. O resultado foi sem dúvida muito positivo não somente pela conclusão do trabalho da revisão, mas também pela riqueza das discussões sobre outros temas emersos em assembleia ou nos grupos de estudos.

Obviamente o objetivo do Capitulo Geral não era somente tratar da revisão das Leis e Normas próprias, mas é difícil, neste momento, descrever em poucas linhas toda a riqueza do Capitulo para a Ordem, assim como não é possível descrever os inúmeros desafios emersos em todos estes dias de reflexão. Contudo os capitulares seguindo o esquema: agradecer, verificar, programar rever, deixaram a todos os religiosos uma condensada síntese sobre os diversos temas tratados bem como o novo texto das Constituições e do Diretório aprovados provisoriamente para serem apresentados à Santa Sé, estudados e atualizados nas diversas Províncias.

Membros da Cúria geral:
Prior geral: Frei Doriano Ceteroni (Italiano)
Primeiro Definidor geral): Frei Carlo Moro (Italiano)
Segundo Definidor geral: Frei José Valnir da Silva (Brasileiro)
Terceiro Definidor geral: Frei Dennis Duene Ruiz (Filipino)
Quarto Definidor geral: Frei Alejandro Remolino (Filipino)
Secretário geral: Frei Luiz Tirloni (Brasileiro)
Procurador geral: Frei Calógero Carrubba (Italiano)

No final dos trabalhos os capitulares louvando e agradecendo a Deus pelos frutos alcançados convidam todos os religiosos a se alegrarem e a guardarem o futuro cheios de esperança fazendo tesouro das palavras do papa Francisco:
“Onde estão os religiosos, há alegria». Somos chamados a experimentar e mostrar que Deus é capaz de preencher o nosso coração e fazer-nos felizes sem necessidade de procurar noutro lugar a nossa felicidade…Que entre nós não se vejam rostos tristes, pessoas desgostosas e insatisfeitas, porque «um seguimento triste é um triste seguimento». (LaC, II, 1).

Frei Valdecir Soares, oad

Revista Ide e Anunciai 35. Os Agostinianos Descalços em Villa Eliza – Paraguai

O III Capítulo provincial, realizado em Ourinhos (SP), nos dias 11 a 17 de dezembro de 2015, se mostrou favorável à abertura de uma segunda comunidade no Paraguai. Este já era um desejo de toda a província do Brasil, pois o Frei Álvaro Antônio Agazzi, provincial da época, em 2014, já havia feito contatos com o Arcebispo de Assunção, Dom Eustaquio Pastor Cuquejo Verga, através do seu Bispo Auxiliar, Dom Edmundo Ponziano Valenzuela Mellid, que naquele mesmo ano assumiu a Arquidiocese como bispo titular. A primeira opção apresentada à Ordem foi a capela “San Miguel Arcángel”, em Villa Eliza, região metropolitana de Assunção, que seria desmembrada da paróquia “Virgen del Carmen”, e se tornaria uma nova paróquia. Após uma visita feita pelo provincial, pelo conselheiro Frei Vilmar Potrick e por Frei Silvestre Miguel Muller, prior da comunidade “San Ezequiel Moreno”, foi apresentada ao bispo nossa intenção de assumir a referida capela. Mas, naquela época, as tratativas não continuaram, e o projeto de uma segunda comunidade no Paraguai foi adiado.

Paróquia San Miguel Arcángel.

Após o III Capítulo provincial, o recém eleito Prior provincial, Frei Vilmar Potrick, encarregou a comunidade “San Ezequiel Moreno” a entrar em contato com os bispos do Paraguai para encontrar uma diocese disposta a nos acolher. Em junho de 2016, Frei Vilmar se encontrou com Dom Edmundo em Roma, e os dois conversaram sobre uma comunidade da Ordem em sua diocese. Segundo o bispo, a capela “San Miguel Arcangel”, que era para a Ordem assumir em 2014, estava disponível. No segundo semestre de 2016, as tratativas continuaram e aos 18 de novembro, Dom Edmundo oficializou sua intenção de acolher a Ordem dos Agostinianos Descalços em sua diocese, oferecendo novamente a Capela “San Miguel Arcángel”. O Definitório geral, aos 02 de dezembro de 2016, analisando o pedido do Prior provincial, erigiu a nova comunidade com o nome Frei Antonio Desideri.

Posse de Frei Silvestre Müller,
18/2/2017.

No dia 18 de fevereiro de 2017, Dom Edmundo, deu posse ao Frei Silvestre e erigiu a futura paróquia “San Miguel Arcángel”, que compreende a matriz mais 06 capelas, com aproximadamente 30 mil habitantes. No território da futura paróquia encontra-se também uma escola paroquial. Frei Jurandir de Freitas Silveira foi eleito Prior da nova comunidade pelo Conselho provincial no dia 07 de dezembro de 2016. Faz parte da comunidade Frei Alex Cândido da Silva, que auxilia também a comunidade “San Ezequiel Moreno”.

Revista Ide e Anunciai 34. Os Agostinianos Descalços em Valverde – Itália

Praticamente um século após o nascimento da nossa Ordem (1592) recebemos a missão de zelar pela devoção a Nossa Senhora de Valverde, em uma cidadezinha homônima, que tem uma história ainda mais secular: iniciou-se no ano de 1038.

Um ex soldado de nome Dionísio, que havia se tornado um mercenário, vivia em uma gruta na região chamada “Vallis Virdis” (Valle Verde) = Valverde. Um dia estava para matar um devoto de Maria chamado Egídio. Naquele momento Nossa Senhora apareceu e disse a Dionísio: “Não maltrate o meu devoto! Jogue fora essa espada e muda de vida!” O malfeitor acolheu o pedido de Maria e se converteu. Após este encontro transformador começou a divulgar o fato e muitos se interessaram. Para indicar o lugar onde construir uma igreja os devotos receberam um sinal extraordinário. Estavam rezando em uma procissão e um bando de grandes pássaros sobrevoou o lugar compondo a forma de “M”. O povo entendeu que naquele lugar deveriam construir o templo. Durante a construção veio a faltar água. N. Sra. apareceu a Dionísio e disse a ele para bater na rocha da gruta onde morava e desta jorrou água, formando uma fonte abundante, que verte água ainda hoje.

No final de agosto de 1040 a construção já estava realizada e o convertido Dionísio rezava na igreja suplicando a N. Sra. um modo para tornar visível a sua presença naquele lugar. Adormeceu e no dia seguinte, para sua surpresa, o ícone de Nossa Senhora de Valverde estava impresso em um dos pilares de pedra da igreja. O prodígio teve grande repercussão e o afresco existe ainda hoje, com sucessivos acréscimos e restauros.

A devoção continuou desenvolvendo-se por séculos. Em 1694, após um desastroso terremoto, ocorrido em 1693, que devastou a região de Catania, causando cerca de 17 mil mortes, a nossa Ordem assumiu a missão de zelar pela devoção a Nossa Senhora de Valverde e, naquela ocasião, reconstruir o Santuário dedicado a Nossa Senhora de Valverde. Com grande esforço a igreja foi reaberta e, em 1710, o convento (casa de formação) anexo ao Santuário, foi inaugurado. Centenas de religiosos passaram pelo Santuário ao longo destes 324 anos de presença da nossa Ordem neste lugar santo. Incontáveis devotos encontraram conforto espiritual e serenidade ao visitar o Santuário, contemplar a linda imagem de Nossa Senhora e receber os sacramentos, de modo especial o da Reconciliação, motivo pelo qual ainda nos nossos dias muitas pessoas vêm ao Santuário.

Santuário e Convento de Valverde.

A comunidade de Valverde doou muitas vocações à Ordem, à Igreja, das quais evidenciamos especialmente as que têm ligação com a nossa missão no Brasil, que deu origem à atual Província do Brasil “Santa Rita de Cássia”. Entre os três primeiros frades OAD que chegaram no Brasil em 1948 um era siciliano: Frei Francesco Spoto. E logo em seguida, em 1951, outros dois foram enviados, e entre estes outro também siciliano: Frei Vincenzo Sorce, o qual partiu de Valverde para a missão. Um detalhe muito significativo que encontramos no testemunho deste grande missionário é que quando ele estava para deixar Valverde e partir para o Brasil, alguns fiéis tentavam convencê-lo a permanecer na sua terra, onde havia muito trabalho pastoral, e não arriscar a vida e a saúde em um lugar distante e incerto como era visto o Brasil. Este missionário, assim como os outros quatro, não deram ouvidos a essas “tentações” e mergulharam na missão, não sem grandes sofrimentos e provações. Hoje, após 70 anos de missão OAD no Brasil, a nossa Província italiana necessita de reforços, devido à idade avançada dos poucos frades presentes e à dramática inexistência de jovens italianos em formação. Graças a Deus, e ao intenso trabalho dos membros da Província do Brasil, começando pelos primeiros, aos quais agradecemos de coração, podemos hoje ajudar a Itália enviando três frades ao Santuário N. Sra. de Valverde: Frei Nei Márcio Simon, Frei Gelson dos Santos Lazarin e Frei Leandro Xavier Rodrigues, presentes em Valverde desde 05 de fevereiro de 2016.

Posse de Frei Nei Marcio Simon, 
5/2/2016.

Eu disse, algumas vezes, ao povo de Valverde e diretamente ao Frei Vincenzo Sorce, porção viva da nossa história: se nós hoje podemos responder “sim” ao chamado a ser missionários em terras estrangeiras, é porque o Frei Vincenzo e outros confrades tiveram a coragem de sair da Itália 70 anos atrás! Nós, hoje, indignamente, representamos os frutos da missão OAD no Brasil, sendo missionários na Itália.

Agradecemos imensamente a Maria, por ter acolhido a nossa Ordem há mais de três séculos neste oásis de paz, por nos ter chamado como Província brasileira a ser missionários com e na Província italiana, e suplicamos a Ela, e ao nosso Pai Santo Agostinho, a intercessão para que novos jovens sintam o chamado à vida consagrada e missionária e sejam acolhidos por nós segundo a vontade de Deus.

Frei Nei Márcio Simon, oad

Revista Ide e Anunciai 33. Os Agostinianos Descalços em Nova Ubiratã (MT)

O III Capítulo provincial realizado em Ourinhos (SP), de 11 a 17 de dezembro de 2015, se mostrou favorável à abertura de uma segunda comunidade no Mato Grosso. Já, ao longo do ano, Frei Álvaro Antônio Agazzi havia conversado com o bispo Dom Gentil Delazari, que ofereceu a paróquia Nossa Senhora Aparecida de Nova Ubiratã (MT). Logo após o III Capítulo provincial, Frei Vilmar Potrick, recém eleito Prior provincial entrou em contato com Dom Gentil a respeito da referida paróquia. O bispo, em carta do dia 06 de janeiro de 2016, expressou oficialmente, o desejo de confiar à Ordem a paróquia de Nova Ubiratã. O Conselho provincial reunido aos 12 de janeiro de 2016, aprova a abertura da nova casa e pede ao Definitório geral para erigir a comunidade Frei Angelo Carú.

No dia 14 de fevereiro de 2016, Dom Gentil dá a posse a Frei Edecir Calegari como pároco e aos frades Frei Salésio Kriger e Frei Cleber Rosendo da Silva, como vigários paroquiais da paróquia Nossa Senhora Aparecida de Nova Ubiratã. Esta paróquia é composta pela matriz, uma grande capela em Boa Esperança do Norte, distrito de Sorriso (MT), onde é celebrada a missa dominical, mais 13 comunidades no interior, onde é celebrada a missa mensalmente. A paróquia como um todo tem cerca de 15 mil habitantes. Após um ano servindo a paróquia como Vigário, Frei Cleber pediu afastamento. Em agosto de 2017, chegou para compor a comunidade Frei Sidney Guerino Rufatto, exercendo o ofício de Vigário paroquial.

Aos 13 de março de 2017, após o Papa aceitar a renúncia de Dom Gentil, assume a Diocese Sagrado Coração de Jesus, de Sinop (MT), Dom Canísio Klaus. Este, em julho de 2017, entrou em contato com o provincial propondo uma mudança de paróquia, ou seja, a Ordem devolveria à diocese a paróquia Nossa Senhora Aparecida de Nova Ubiratã e assumiria a paróquia Sagrado Coração de Jesus, de Nova Canaã do Norte (MT), cerca de 50 km de Colider, onde os Agostinianos Descalços estão desde 2011. O Conselho provincial de 12 de novembro, tendo lido o pedido oficial do bispo de 8 de novembro de 2017, aprova a mudança de paróquia, que será realizada no início de 2018.

Igreja Matriz.

Interior da Igreja Matriz.

Revista Ide e Anunciai 32. Os Agostinianos Descalços em Araucária (PR)

Em julho de 2015 Frei Airton Mainardi e os Professos do Seminário Santa Rita do Rio de Janeiro (RJ), foram hóspedes no Seminário Maior Maria Mãe da Igreja da Diocese de São José dos Pinhais (PR), sendo reitor do mesmo seminário Padre Braz Hoinatz de Andrade, Agostiniano Descalço, em experiência na diocese. Nessa visita nasceu a ideia de abrir uma nova casa na região metropolitana de Curitiba (PR). Depois de várias tratativas Dom Francisco Carlos Bach, bispo diocesano de São José dos Pinhais ofereceu à Ordem a Paróquia Senhor Bom Jesus de Araucária (PR) composta da Matriz e 9 capelas, tendo uma população de cerca 40 mil habitantes. No dia 16 de dezembro de 2015 no III Capítulo provincial da nossa Província Santa Rita de Cássia, foi aprovada a abertura da Comunidade Frei Luiz Chmel e erigida canonicamente pelo Definitório Geral no dia 14 de fevereiro de 2016.

Igreja Matriz.

A primeira comunidade foi composta por Frei Laercio Dias Sanção (Pároco), Frei Elves Allano Perrony e Frei Denildo da Silva. No dia 30 de janeiro de 2016 Dom Francisco Carlos Bach deu posse ao novo pároco e vigários paroquiais, acolhidos com grande festa pela comunidade. A comunidade paroquial passava por uma grande crise moral, ética e econômica e depositaram nos novos Freis Agostinianos toda a esperança de renovação.

As dificuldades foram muitas, a primeira delas a mudança de congregação, a cidade de Araucária desde sua origem foi sempre evangelizada pelos Padres da Congregação da Missão (Padres Vicentinos) que cuidavam as quatro paróquias da cidade. Os novos Freis trouxeram um estilo novo para a paróquia e para a cidade de Araucária muito bem recebido pela maioria e questionado por alguns.

A primeira mudança foi a celebração da Santa Missa todos os dias na matriz, todo final de semana nas capelas e confissões e aconselhamento espiritual todos os dias. A comunidade teve uma grande mudança através da presença continua dos Freis celebrando os sacramentos. Outra grande dádiva foi a devoção a Santa Rita trazida pelos Freis Agostinianos, já desde a primeira Santa Missa em louvor a Santa Rita muitas graças alcançadas pelos seus novos devotos.

Uma grande dificuldade foi resolver o problema econômico, que levou também pouco tempo para ser resolvido, com ajuda de todas as comunidades e a 1ª festa de Santa Rita de Cássia. Assim, a comunidade começou a caminhar novamente com novos projetos. Frei Elves Allano Perrony assumiu a coordenação diocesana do Dízimo dando um grande impulso para a comunidade paroquial, que através da partilha do dízimo, voltou a crescer pastoralmente e estruturalmente.

Tudo andava bem, mas o Senhor sempre pede mais de nós, na primeira Santa Páscoa (março 2016) que celebramos na nova paróquia uma notícia inesperada nos entristeceu, Frei Denildo da Silva, sem motivos aparentes, resolveu deixar a comunidade religiosa para fazer uma experiência pastoral na diocese de Joinvile. Toda a comunidade ficou perplexa, em tão pouco tempo e já um Frei está indo embora. O trabalho pastoral organizado pra três padres foi mantido, sobrecarregando, porém, os dois que ficaram, Frei Laércio e Frei Elves, que continuaram firmes, unidos e perseverantes.
Boas notícias chegaram no dia 28 de agosto de 2016, Solenidade do Santo Pai Agostinho, quando o Prior provincial comunicou que Frei Indiomar Maieski Smaniotto, ordenado sacerdote no dia anterior, iria fazer parte da comunidade Frei Luiz Chmel. A chegada do novo sacerdote deu novo impulso pastoral para toda a paróquia, matriz, capelas, pastorais e movimentos.

Tudo corria bem até uma nova perda para a comunidade, pois Frei Laercio adoeceu, e por motivos de saúde, em janeiro de 2017, deixou a comunidade para cuidar da saúde. A comunidade se entristeceu, mas entendeu o motivo da saída, e rezou pela sua recuperação.

No dia 25 de fevereiro de 2017, Frei Elves Allano Perrony recebe a posse como novo pároco e a comunidade recebe seu novo sacerdote Frei Adalmir de Oliveira, novo vigário paroquial. Apesar das várias mudanças de padres, os resultados pastorais e econômicos são muito positivos.

Posse de Frei Elves.

Com apenas um ano de presença na paróquia já começaram a aparecer os frutos vocacionais. Em fevereiro de 2017, ingressaram, dois jovens da comunidade, no Seminário Santa Rita no Rio de Janeiro (RJ), para cursar a faculdade de filosofia. Graças a Deus tantos outros jovens procuram os frades interessados em ingressar no seminário, assim a nova comunidade se tornou um novo campo vocacional para a Ordem.

Novo passo importante da comunidade será divulgar a devoção a Frei Luiz Chmel que está em processo de canonização, que ele interceda sempre pela nossa Ordem e pela nossa paróquia Senhor Bom Jesus.

Frei Elvis Allano Perrony, oad

Revista Ide e Anunciai 31. III Capítulo Provincial – 2015

Do dia 11 a 17 de dezembro de 2015, aconteceu o III Capítulo Provincial, novamente presidido pelo Prior geral, Frei Gabriele Ferlisi, em Ourinhos (SP), sede da província. O Secretário eleito foi Frei Diones Rafael Paganotto.

Este Capítulo tomou importantes decisões:

1. Decidiu que a partir do ano de 2016 o IFIST não acolheria estudantes do 1º ano de filosofia, visto o pequeno número de docentes e alunos. Resolveu que os seminaristas do 1º ano de filosofia em 2016, fossem acolhidos no Seminário Santa Rita de Ramos, Rio de Janeiro (RJ) e podendo estudar na Faculdade de São Bento do Rio de Janeiro.
2. Decidiu que, diante das dificuldades logísticas apresentadas pelo curso de Teologia junto ao Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis (RJ), os professos que iniciariam teologia, a partir de 2016, fossem enviados ao “Studentato Internazionale Fra Luigi Chmel”, em Roma (IT). Casos extraordinários seriam analisados pelo Conselho Provincial.
3. Decidiu a abertura de uma casa religiosa na diocese de São José dos Pinhais, especificamente na paróquia do Senhor Bom Jesus de Araucária (PR).
4. Mostrou-se favorável à abertura de uma nova casa no estado de Mato Grosso. O Conselho Provincial entraria em contato com os bispos da região.
5. Havendo a possibilidade de aberturas de novas casas, o Capítulo Provincial decidiu que no próximo triênio fosse dada preferência ao Paraguai, encarregando a comunidade de Yguazú de entrar em contato com os bispos dispostos a nos acolherem. A orientação do Capítulo Provincial foi de estar disponíveis à abertura de uma comunidade na região Nordeste do Brasil e na América Latina.
6. O Capítulo Provincial se alegrou com o espírito de colaboração entre as Províncias do Brasil e da Itália, evidenciado pelo compromisso de assumir a gestão da “Comunidade-Santuario-Parrocchia Madonna di Valverde” (Itália).

Nas eleições, no final do capítulo, resultou eleito como Prior provincial Frei Vilmar Potrick. Foram eleitos Conselheiros: Frei Osmar Antônio Ferreira, Frei Márcio dos Santos, Frei Luiz Antonio Tirloni e Frei Antônio Carlos Ribeiro. Com a eleição do Frei Luiz Tirloni a Secretário geral, em maio de 2017, Frei José Arnaldo Schott foi eleito como novo membro do Conselho provincial, na reunião extraordinária de 07 de junho de 2017.

O Capítulo provincial terminou com a aprovação da abertura de duas novas comunidades: uma em Araucária (PR), e a outra em Valverde na Itália, embora esta esteja sob a jurisdição da Província italiana. O Conselho do Capítulo provincial, aprovou a abertura da comunidade Frei Angelo Carù, em Nova Ubiratã (MT).

Participantes do III Capítulo Provincial,
2015.

III Conselho Provincial: 
Frei Antonio Ribeiro, Frei Luiz Tirloni, Frei Vilmar Potrick, Frei Osmar Ferreira, Frei Marcio da Silva, 
2015.

Revista Ide e Anunciai 30. Os Agostinianos Descalços em Pesaro – Itália

A presença dos Agostinianos Descalços em Pesaro (IT), pode ser considerada breve, mas muito rica de experiência religiosa, pastoral e missionária. Os primeiros religiosos Agostinianos Descalços, Frei Airton Mainardi e Frei Edecir Calegari, chegaram na paróquia Santo Agostinho de Pesaro no final de 2002. A estes dois sacerdotes se uniram outros três, recém ordenados, provenientes das Filipinas: Frei Aristóteles Sayson, Frei Sócrates Hidalgo e Frei Claudio Bonotan.
A iniciativa de assumir uma nova comunidade religiosa na Itália foi, primeiramente, da Província italiana, pois queria abrir uma comunidade, com sacerdotes jovens, que pudessem trabalhar mais diretamente na pastoral vocacional e também de encontrar uma estrutura física que pudesse servir para acolher futuros candidatos à vida religiosa. Em Diálogo com a Ordem de Santo Agostinho (OSA), soube-se que estava deixando o convento e a Paróquia Santo Agostinho de Pesaro, cidade com uma população de cerca 90 mil habitantes, destaca-se a presença de algumas universidades. No centro da cidade ficava a igreja Santo Agostinho, a qual chamava a atenção pela sua história e beleza. Esta era, sem dúvida, uma das igrejas mais lindas da cidade. Parecia o ideal que se estava procurando, estrutura boa, cidade considerável, muitos jovens e uma longa tradição e espiritualidade agostiniana, tanto que os paroquianos sentiam-se orgulhos de serem filhos de Santo Agostinho.

A Província italiana realizou seus trabalhos pastorais de 2002 até o final de 2009. Durante este tempo, muitos foram os religiosos que prestaram serviço a esta comunidade. Além dos pioneiros acima citados, recorda-se o Frei Salésio Sebold que foi Prior e pároco do dia 1° de outubro de 2004 até setembro de 2008, o Frei Eugenio Giuliano Del Médico, o Frei Elves Alano Peroni, assim como foram muitos os religiosos estudantes que passaram colaborando nas diversas atividades da paróquia, sobretudo durante o período de férias.

Em 2010 a Província italiana sentindo dificuldades em dar continuidade aos trabalhos pastorais iniciados, sobretudo por causa da diminuição do número dos seus religiosos, decidiu deixar a comunidade. Foi então que a Província brasileira decidiu assumir a paróquia e a comunidade.

Os dois primeiros religiosos da Província brasileira escolhidos para trabalharem em Pesaro foram, Frei Antônio Desideri e Frei Carlos Topanotti. No final de agosto de 2010, após o retorno do Frei Carlos para o Brasil, Frei Valdecir Soares foi chamado para substituí-lo. No ano seguinte, exatamente no dia 27 de Agosto, Frei Sidnei Guerino Ruffatto chegou a Pesaro para compor a comunidade.

Em 2012, Frei Sidney retornou ao Brasil e Frei Rosário Pallo foi para substituí-lo. No mesmo ano, Frei Antonio Desideri voltou para o Brasil deixando seu lugar para Frei Eder Angelo Rossi, que até então residia no convento “Gesú e Maria” de Roma, por motivos de estudo. Frei Rosario Pallo, infelizmente, durante o verão de 2013, exatamente no dia 23 de julho, quando voltava de uma celebração eucarística, acabou sofrendo um grave acidente de trânsito com vários danos físicos. Nos meses seguintes, sua situação foi se agravando cada vez mais a causa de outras complicações e acabou falecendo no dia 11 de janeiro de 2014. Veio para substituí-lo Frei Gelson Lazarin.

Após alguns anos à frente desta paróquia, a Província brasileira, percebendo que o objetivo vocacional, pelo qual fora assumida, não havia correspondido, de comum acordo com o bispo diocesano e com a Província dos Agostinianos (OSA), deixou o Convento e a Paróquia Santo Agostinho de Pesaro, no dia 16 de julho de 2015.

Experiência pastoral na Paróquia Santo Agostinho

Embora a presença dos Agostinianos Descalços tenha sido breve em Pesaro, esta foi muito rica como experiência religiosa, missionária e pastoral. Foi ao mesmo tempo desafiadora, tanto para os religiosos, chamados a conhecer uma nova língua e uma nova cultura, quanto para a comunidade paroquial, interpelada a abrir-se para acolher sacerdotes vindos de outras nações com tantos limites, mas também com tanta experiência pastoral a ser partilhada.
A Paróquia Santo Agostinho, desde o início acolheu calorosamente os missionários, manifestando muita sensibilidade, colaboração e entusiasmo. Solidamente edificada na história e na espiritualidade agostiniana sempre manifestou um profundo amor pelo santo padroeiro e muito respeito pela Ordem Agostiniana.

A paróquia era pequena, como a maioria das paróquias desta região da Itália, composta por cerca de 800 famílias. Não obstante isso, possuía toda a estrutura pastoral e administrativa necessárias para a evangelização.

Foi em Pesaro que surgiu a “ONG, amigos de Santo Agostinho”, dedicada a ajudar famílias e adolescentes em dificuldades na cidade de Ampére (PR). O projeto atualmente continua suas atividades no Centro Social da Paróquia de Ampére, desenvolvendo um papel importante, sobretudo na formação humana e profissional dos adolescentes. Este projeto é conhecido por todos como “Projeto Luti” e recebe a ajuda de muitas pessoas.

Uma outra atividade muito gratificante realizada na paróquia era a benção das famílias. Durante a quaresma, os sacerdotes passavam visitando e abençoando as famílias da paróquia, era um momento importante para encontrar os paroquianos, de modo particular os doentes.

Muitos foram os desafios enfrentados, mas a disponibilidade e a colaboração dos leigos empenhados nas mais diversas atividades fez com que tais dificuldades fossem superadas com serenidade em espírito de igreja e de família.
A Ordem dos Agostinianos Descalços será sempre grata à Diocese de Pesaro por esta edificante experiência missionária concedida aos religiosos das Províncias italiana e brasileira.

Frei Valdecir Soares, oad