Aos 23 de maio de 2022, aniversário do falecimento do Servo de Deus Fr. Angelo Possidio Carù, na Paróquia Santa Teresinha e Santo Agostinho de Ampére (PR), foi aberto por Dom Edgar Ertl, Bispo diocesano de Palmas-Francisco Beltrão, o Processo Canônico da sua Causa de Beatificação e Canonização.
1. Notas biográficas do Servo de Deus
Fr. Angelo Possidio Carù nasceu aos 17 de fevereiro de 1925, em Gallarate, Norte da Itália, filho de Giovanni Giuseppe Carù e de Giuseppina Macchi. Recebeu o sacramento do batismo na Basílica Menor de Nossa Senhora da Assunção de Gallarate aos 28 de fevereiro de 1925, foi crismado aos 09 de outubro de 1932, e recebeu a Primeira Comunhão em 1933. A família, formada pelos pais e por cinco filhos, era uma família simples de agricultores, muito religiosa e de sólidos princípios morais e religiosos. Os pais souberam transmitir aos filhos uma boa formação cristã, como era costume na maioria das famílias italianas da época.
Aos 31 de dezembro de 1940, com 16 anos, Angelo ingressou no Seminário dos Agostinianos Descalços em Gênova, no Santuário da Madonnetta. Aos 26 de setembro de 1942, iniciou o Noviciado, vestindo o hábito religioso e assumindo o nome de Fr. Possidio de Jesus Crucificado. Durante a guerra, a Comunidade religiosa, para fugir dos bombardeios, teve que refugiar-se no Convento de Scoffera, no meio das montanhas. As dificuldades da guerra não fizeram desistir o Servo de Deus da sua vocação. Ele emitiu os votos simples ao 1º de novembro de 1943, consagrando-se a Deus como Agostiniano Descalço. Depois da guerra, tendo voltado para a Comunidade da Madonnetta, emitiu a profissão solene aos 24 de dezembro de 1946. Concluiu os estudos de Filosofia e de Teologia, respectivamente na Comunidade da Scoffera e no Instituto de Teologia Brignole Sale Negroni dos Padres da Missão, em Gênova. Foi ordenado diácono aos 23 de dezembro de 1950 e recebeu a ordenação sacerdotal aos 24 de março de 1951, pela imposição das mãos do Cardeal Giuseppe Siri, na Capela do Seminário Diocesano de Gênova.
A sua vida sacerdotal pode ser dividida em dois períodos: o primeiro, na Itália (1951-1966), e o segundo, no Brasil (1966-1995). Durante a sua vida sacerdotal recebeu e exerceu vários ofícios, manifestando sempre um grande espírito de sacrifício e de fidelidade no cumprimento do seu dever. Na Itália, por treze anos foi Formador dos Seminaristas e por dois anos Mestre dos Noviços. Aos 17 de março de 1966, o Servo de Deus embarcou para o Brasil, iniciando assim o seu apostolado missionário na Terra de Santa Cruz, que desenvolveu por quase trinta anos. Durante a sua experiência missionária o Servo de Deus muito trabalhou pelas vocações para vida sacerdotal e religiosa. Foi pároco da Paróquia N. Sra. Aparecida de Salto do Lontra (PR) e de Ouro Verde do Oeste (PR). Foi um pastor incansável, que visitava todas as Capelas da Paróquia todos os meses, visitando e abençoando também as famílias e confortando os doentes. Foi também Delegado Geral da Ordem no Brasil.
O seu testemunho de religioso e de sacerdote foi exemplar. Como Agostiniano Descalço, escolheu pertencer totalmente a Jesus Crucificado, conformando-se a Ele na obediência, na castidade, na pobreza, na humildade e na oblação total de si. Como sacerdote, empregava todas as suas energias para se fazer “tudo para todos”, para a salvação das almas. Este foi seu constante ideal e o programa da sua vida, que suscitava a admiração de todos os que conheciam ou se aproximavam dele. Na vida de comunidade era exemplar: escolhia sempre o último lugar e os trabalhos mais humildes e pesados, doando-se totalmente para o bem da Comunidade, da Ordem e da Igreja. Era muito próximo dos Confrades, particularmente dos doentes e dos anciãos; amava como um pai os seminaristas, os noviços e os professos. Era um homem de Deus que vivia sempre em oração e se dedicava ao bem das almas.
Suas exéquias transformaram-se numa apoteose prestada pelo povo de Deus ao servo bom e fiel. Dom Lúcio Baumgaertner, Bispo de Toledo, na homilia frisou que Fr. Angelo tinha encontrado a morte como bom pastor, no cumprimento do seu dever sacerdotal. Por sua vez, Dom Agostinho José Sartori, Bispo de Palmas-Francisco Beltrão, na sua homilia, afirmou: “Fr. Angelo foi um religioso pobre em tudo, pobre por uma escolha precisa; exemplo de humildade, castidade e das outras virtudes cristãs. Ativo no zelo missionário, trabalhava para dar sacerdotes às Igrejas que não tinham. Foi necessário que morresse no Brasil, bom soldado de Cristo, como semente que cai para dar mais frutos”. Concluiu a homilia afirmando: “Observando a intensidade da sua devoção à Nossa Senhora, tenho convencimento de que Fr. Angelo mantivesse uma comunicação especial com Nossa Senhora”.
2. Rito da Sessão de Abertura do Processo
Às 19h30min de 23 de abril deste ano, Dom Edgar Ertl presidiu na Igreja Matriz de Ampére a Sessão de Abertura do Processo de Beatificação e Canonização do Fr. Angelo Possidio Carù, sacerdote agostiniano descalço. O Tribunal diocesano nomeado pelo Bispo foi constituído pelas seguintes pessoas que, interrogadas, aceitaram o ofício: Pe. Vanderley Itcak, Juiz Delegado; Pe. Geraldo Macagnan, Promotor de Justiça; Sra. Bernardete Dettoni Modzinski, Notária Atuante; Sra. Ivete Ana Gregol Angonese, Notária Adjunta; P. Leandro Oldra Sustiço, Notário Adjunto.
Participaram da Sessão o Postulador geral, Fr. Dennis Duene Ruiz, e o Vice Postulador. Fr. Vilmar Potrick.
Nesta primeira Sessão foi apresentada ao Bispo a nomeação do Postulador Geral por parte da Congregação das Causas dos Santos e foi lida uma breve biografia do Servo de Deus; assim também foi lido o documento da Santa Sé onde afirma-se que Nada Obsta contra a abertura do Processo. O mesmo Bispo prestou seu juramento de buscar a verdade neste Processo e aceitou o de todos os Membros do Tribunal, bem como o do Postulador Geral e do Vice Postulador. O Bispo recebeu também a lista das testemunhas que irão ser ouvidas pelo Tribunal; foram colhidas as assinaturas do mesmo Bispo, dos Membros do Tribunal, do Postulador e Vice Postulador Geral referentes aos documentos produzidos nesta Sessão solene de Abertura do Processo da Causa de Fr. Angelo Possidio Carù.
Enfim, Dom Edgar dirigiu aos presentes uma bela homilia sobre a santidade à qual todos somos chamados, cada qual conforme o seu estado de vida. Na sua vida de religioso e sacerdote agostiniano descalço procurou vivenciar esta santidade à qual foi chamado na simplicidade e humildade. Com este Processo Canônico que foi iniciado, a Igreja quer investigar a vida cristã, religiosa e sacerdotal do Servo de Deus, para examinar se ele viveu conforme os ensinamentos do Evangelho e tenha praticado em modo heroico as virtudes cardeais e teologais. Rezemos para que através do Processo Canônico a Igreja, depois de ter examinado diligentemente tudo, possa reconhecer a heroicidade das virtudes do Servo de Deus e indicá-lo aos fiéis como exemplo a ser imitado na simplicidade da vivência diária.
Fr. Calogero Carrubba