Revista Ide e Anunciai 37. Constituições OAD

Constituições dos Agostinianos Descalços

Toda e qualquer organização religiosa ou civil, tem suas normas, suas leis, que regulam a vida de todos que fazem parte daquela família religiosa, daquela Igreja, daquela sociedade. Assim, os Agostinianos Descalços também tem suas normas de vida, desde o início da sua história em 1592. As primeiras Constituições remontam do ano 1598. De lá para cá foram feitas várias atualizações para estarem sempre em sintonia com o caminhar da Igreja e da sociedade, mas sempre procurando manter o espírito das primeiras Constituições. Com o Concílio Vaticano II (1962-1965), toda a Igreja foi convidada a uma grande revitalização de sua vida e de suas normas. Da mesma forma os Agostinianos Descalços, após o Concílio Vaticano II, entre os anos 1969 a 1981 fizeram um novo texto das Constituições, promulgadas em 1984, pelo então Prior geral, Frei Felice Rimassa. O Capítulo geral de 2017, como vimos no artigo anterior, fez algumas atualizações, que ao longo dos anos, se tornaram necessárias. A seguir apresentamos os primeiros números das Constituições que nos ilustram a natureza, a espiritualidade e a finalidade da Ordem dos Agostinianos Descalços.


Natureza, Espiritualidade e Finalidade da Ordem

01 – A Ordem dos Agostinianos Descalços (Ordo Augustiniensium Discalceatorum) (OAD) é um instituto clerical isento, de direito pontifício. Seus membros, clérigos e irmãos coadjutores, aos votos de castidade, pobreza, obediência, acrescentam um quarto, o de humildade, seguindo o exemplo e o ensinamento de Santo Agostinho, seu Pai e Fundador.

02 – A Família dos Agostinianos Descalços compreende também as Religiosas Agostinianas Descalças, a Terceira Ordem Regular e Secular, e outras associações adjuntas, segundo a norma do direito universal.

03 – A exemplo de Santo Agostinho e da primeira comunidade agostiniana de Tagaste, nosso intento de agostinianos descalços é alcançar, com o auxílio da graça, a perfeição do amor evangélico, buscando a ,Deus e alegrando-nos comunitariamente numa peculiar atitude de humildade porque Deus é bem comum, não particular sendo tam.bém o maior de todos os bens.

04 – Cientes de sermos criados à imagem e semelhança de Deus Uno e Trino, em nosso trabalho espiritual comum tendemos a:;- Tornar nítida sua imagem, impressa em nossa alma, porém ofuscada pelo pecado;;- Vir a ser “posse” de Deus;.- Edificar-nos como templo de Deus: Ele, de fato, “habita em cada um de nós fiéis como em outros tantos templos seus e nos fiéis reunidos em comunidade como no seu templo”.

05 – Inseridos pelo batismo no mistério de Cristo e da Igreja, mãe que gera os mosteiros, queremos viver a densidade deste mistério:
– Colocando nosso fundamento e nossa esperança em Cristo, caminho e fim da nossa caminhada de fé;
– Imitando fielmente Cristo na alegria do cântico novo;
– Tornando-nos membros escolhidos do corpo místico, o Cristo total;
– Empenhados na edificação da cidade de Deus;
– Oferecendo-nos diante do mundo como modelo de pequena Igreja, sendo a comunidade a parte mais nobre da veste de Cristo.

06 – Nossa prioridade é a vida contemplativa. Ela:
– Reúne-nos na interioridade, diante da dispersão exterior porque “o amor da verdade busca a santa quietude”;
– Dispõe ao dialogo sobrenatural com Deus, tanto pessoal como comunitário;
– Torna dóceis às moções do Espírito Santo;
– Induz a viver nossa vida como perene louvor a Deus, pois “a maior obra do homem é somente louvar a Deus”;
– Dispõe ao estudo da Sagrada Escritura e das coisas divinas.

07 – “A necessidade da caridade exige reto agir”. Por este motivo, a contemplação agostiniana deve ser ela mesma apostolado fecundo e busca apaixonada de formas pastorais que nos propiciem levar o próximo a louvar a Deus, mediante todos os valores: “Enlevai a todos para o amor de Deus… falando, rezando, discutindo, raciocinando com mansidão, com ternura”.

O apostolado é determinado pela necessidade dos tempos e regulado pelas diretrizes da Igreja e dos superiores. Insere-se na realidade viva da Igreja local, abre-nos para as dimensões da Igreja univ:ersal, que amamos e servimos com amor todo especial.”Corramos, portanto, meus irmãos, corramos e amemos a Cristo… desdobra tua caridade no mundo inteiro, se quiseres amar Cristo, porque os membros de Cristo se estendem no mundo inteiro. Se amares só urna parte, estarás dividido, não estarás mais unido ao corpo”.

08 – Fiéis aos princípios da Regra: “O motivo essencial pelo qual vos reunistes em comunidade, é para que vivais unanimes na casa e exista entre vós uma só alma e um só coração, orientados para Deus”35, realizamos nossa ascese na plenitude da vida comunitária, segundo o modelo da primeira comunidade de Jerusalém.
A alma da vida comum é a caridade. Ela:
– “Modera a alimentação, as conversas, o modo de vestir e as atitudes”;
– Não deixa possuir nada em particular;
– Vivifica a atividade apostólica dos indivíduos, de modo que exprima a unidade dos corações: “Muitos corpos, mas não muitas almas; muitos corpos, mas não muitos corações”;
– Cultiva o diálogo e a amizade espiritual;
– Visa a formar “urna só alma, a única alma de Cristo”, sem mortificar a personalidade de cada religioso, antes, revigorando-a e fazendo-a crescer mais.

09 – Atentos ao chamado de Jesus e cientes de que nos encaminhamos “para as alturas, com os pés da humildade”, nós, Agostinianos Descalços, temos o propósito de testemunhar peculiar atitude interior de humildade que:
– Favorece a pobreza, a mortificação e o desapego do mundo;
– Forma mãos disponíveis ao serviço de Deus e do próximo;
– Facilita a vida fraterna na comunidade.
Esta é a significação espiritual mais profunda do voto de humildade e do nudipédio. “Entra descalço nesta terra, pois é santa. Desnuda os pés, isto é, os afetos de tua alma, para que fiquem nus e livres”.

10 – No espirito de nossas tradições, contemplamos em Maria a Mãe da Graça e dos fiéis, o modelo de vida consagrada e o modelo perfeito da Igreja. Ela alimenta com suaves afetos a vida do coração e faz da comunidade uma família. Veneremos Maria com profundo afeto filial e com o peculiar título de “Mãe da Consolação”, e apresentemo-la aos fiéis como sinal de esperança e de consolação do peregrinante povo de Deus.


Viveram o carisma Agostiniano Descalço…

Frei Giovanni Nicolucci (1552-1621).

Frei Carlo Giacinto Sanguinetti (1658-1721).

Frei Santo de São Domingos (1655-1728).

Frei Luigi Chmel (1913-1939).


São exemplo de vida para nós hoje…

Encontro Anual dos Frades, Toledo (PR),
2017.

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